O início da temporada 2021 do Sport é péssimo. Eliminado de forma vexatória na primeira fase da Copa do Brasil para a Juazeirense, o Leão também faz um campanha desastrosa na Copa do Nordeste. Em cinco jogos, perdeu três e empatou dois, o que faz o Rubro-Negro ser o lanterna do grupo B e, mais do que isso, o time de pior campanha no Nordestão até o momento - entre os 16 clubes do torneio. Além disso, a equipe leonina não sabe o que é vencer há oito jogos e tem apenas um triunfo em nove partidas jogadas. Ou seja, mesmo sem sequer ter disputado dez confrontos na temporada, o Sport já está eliminado da Copa do Brasil e precisando de um milagre para avançar na Copa do Nordeste, o que aumenta - e muito - a pressão no clube.
Diante deste cenário, a pressão em cima do técnico é algo comum no futebol brasileiro. E, naturalmente, Jair Ventura está inserido no contexto, uma vez que o treinador esteve à beira do campo em seis desses nove jogos e o Sport ainda não venceu com ele na área técnica na atual temporada, superando a pior sequência do treinador sem triunfos, que foi de cinco jogos - repetida duas vezes na Série A. No entanto, apesar dos resultados ruins, é importante destacar que o técnico sofreu com coisas alheias ao que ele poderia fazer.
Isso porque Jair Ventura só teve como escalar o que podemos chamar de 'força máxima' do Sport em dois jogos: nas derrotas por 4x0 para o Bahia e 1x0 para o Confiança. O motivo disso só ter acontecido em apenas duas partidas é que o Rubro-Negro estava punido pela Fifa e CNRD por conta de débitos e só conseguiu regularizar essa bronca no dia 15 de março, mas com os atletas - tanto contratados como outros renovados - sendo inscritos no BID apenas na sexta-feira que antecedeu o duelo contra o Bahia.
Ou seja, em quatro dos seis jogos em que Jair Ventura esteve à beira do campo, o Sport contou com vários garotos no time de cima, além de outros reservas, e apenas alguns titulares, o que gerou, naturalmente, um desentrosamento grande no time, sobretudo pelo calendário recheado de jogos e a falta de treinamento. No entanto, mesmo com esse cenário, o técnico não se isenta de responsabilidade e afirmou que o Sport está devendo tanto em desempenho como em resultados. "Lógico que estão abaixo (os resultados). A gente que trabalha no Sport, temos que vencer todos os jogos, quanto mais com esse início. Temos que melhorar e sabemos disso", explicou.
“Só que preciso falar: não estamos com o mesmo time. Muitos jogadores ficaram sem jogar, tivemos mais uma estreia, Maxwell, Toró fez a primeira partida agora como titular, Thiago Lopes ainda vai estrear e temos mais jogadores chegando. Estamos em uma situação de remontagem do elenco. Sei que a pressão acontece quando os resultados não aparecem. A única situação que vou ficar chateado é com uma demissão, acho que sou o quinto com mais tempo, quando o treinador está montando um novo time com a diretoria, e ainda não pode usar os jogadores. Sei que a pressão na vida do treinador acontece todo dia, mesmo sem avaliar as circunstâncias”, completou.
Desta forma, Jair Ventura teve apenas dois jogos com a sua força principal, porém com os jogadores abaixo no quesito técnico, físico e tático, o que também compromete o trabalho do treinador.
ERRO NO PLANEJAMENTO
Com apenas uma vitória em oito nove jogos, oito partidas consecutivas sem vencer, eliminação vexatória na Copa do Brasil e uma campanha desastrosa na Copa do Nordeste, é notório que o Sport errou no planejamento para a temporada. A forma como o clube tomou as decisões no futebol não conseguiu minimizar os danos sofridos - pelo contrário. É verdade que as punições da Fifa e CNRD por conta de débitos da gestão anterior realmente prejudicaram o Sport, uma vez que o clube só conseguiu quitar as dívidas no dia 15 de março, após ter recebido a premiação pela permanência na Série A. No entanto, é importante ressaltar que o clube já estava ciente das punições e que só teria como solucionar esse problema quando o débito fosse pago.
Além dessa bronca com as punições, o clube tomou algumas decisões bem questionáveis. Uma delas foi ter colocado um time praticamente formado pelos jogadores do sub-20 - com exceção do goleiro Carlos Eduardo e do atacante Maxwell - contra o CRB, pelo Nordestão, praticamente abrindo mão do jogo. A justificativa foi por conta da Copa do Brasil, mas quatro dias antes do duelo diante dos alagoanos o Leão mandou a campo o que tinha de melhor para enfrentar o Salgueiro, no Estadual. A semelhança entre os jogos do Pernambucano, Copa do Nordeste e Copa do Brasil é que o Sport foi derrotado nas três oportunidades.
Outra coisa que prejudica o planejamento é a não realização das eleições. Se o pleito já tivesse acontecido, talvez as escolhas do clube fossem mais assertivas - independentemente da chapa eleita.
CLUBE TAMBÉM VIVE UM MOMENTO DE TURBULÊNCIA POLÍTICA
Com a não realização das eleições, previstas originalmente para acontecer no dia 18 de dezembro, o Sport também vive um momento para lá de agitado nos bastidores políticos do clube. Além disso, os recentes adiamentos também agravaram essa situação: o pleito iria acontecer no dia 5 de março mas foi remarcado para o dia 18. No entanto, por conta de decretos do Governo de Pernambuco, não teve eleições, que agora estão marcadas para o dia 9 de abril.
No entanto, a reclamação de parte da torcida é de que o clube não se organiza para realizar eleições virtuais e fica apenas marcando datas presenciais, mas sem a garantia de que o pleito vai acontecer por conta do avanço da pandemia do novo coronavírus em Pernambuco e também no Brasil. Desta forma, o Leão vive um processo político para lá de agitado e que aparentemente só vai terminar quando, enfim, as eleições acontecerem.