A decisão tomada por Arthur Lira (PP-AL) de levar o "voto impresso" ao plenário não agradou a deputados que só enxergam desgaste com o prolongamento desse debate e a eventual votação do tema. Afinal, de um lado está o Planalto, com seus tanques e sua "milícia digital", de outro, parte considerável da opinião pública e a maioria dos presidentes de grandes partidos, que já manifestaram discordância com o retrocesso no sistema de votação. Para esse grupo, majoritário, Lira deveria ter respeitado o veto da comissão especial e poupado a Câmara.
Molhou
Muitos terão de escolher a quem desagradar: Bolsonaro ou a direção de seus partidos, vários deles da base de apoio. Lira colocou todo mundo na chuva e está sendo cobrado por isso. Os descontentes querem que o presidente da Câmara proteja a Casa dos ataques bolsonaristas se o Planalto for derrotado.
Pele fina
Apenas um pequeno grupo de deputados da Câmara tem couro grosso para se indispor com as redes bolsonaristas e seu pesado nível. Quem tem "pele fina" espera ao menos proteção de Lira.
Peraí
Diante do desgaste já contratado, um grupo de partidos avalia obstruir a votação do voto impresso enquanto busca uma outra solução para o enrosco.
Fruta podre
Parlamentares que tentam aprovar o Distritão e mudanças no Código Eleitoral têm reclamado de como a polêmica do voto impresso contaminou o debate sobre toda e qualquer mudança no sistema político-eleitoral.
Clima
A sobrevida do tema polêmico pode exaltar os ânimos a ponto de comprometer o andamento das outras pautas, avaliam.
Campanha
Relatora das mudanças no Código Eleitoral, Margarete Coelho (PP-PI) fez circular pelo WhatsApp de colegas uma carta com pontos de esclarecimento sobre o projeto: nega limitar o poder do TSE e tornar menos transparente a prestação de contas dos partidos, por exemplo.
Vem aí
Um grupo de integrantes da CPI da Covid vai se debruçar nesta semana sobre o lado financeiro envolvendo a ivermectina. Quem lucrou, como, quanto, por quais meios e como o Ministério da Saúde pode ter tido relação com isso. Essas são algumas perguntas na mesa de senadores.
Mapa
Para a senadora Simone Tebet (MDB-MS), a CPI avança para um momento em que o crucial é mapear, na estrutura governamental e empresarial, os passos de quem tentou se aproveitar. Como na fábula de Esopo, os ratinhos decidem identificar as ameaças. "É hora de colocar o guizo no pescoço dos gatos."
Lembra...
Em debate recente com Fernando Henrique Cardoso, Michel Temer discorreu sobre a instabilidade gerada por pedidos de impeachment que pipocam no Congresso, seja quem for o ocupante do Planalto.
...de mim?
Temer não perdeu a chance de fazer uma piada: "O Fernando Henrique deu sorte porque eu era o presidente da Câmara e arquivava todos". A plateia que acompanhava o debate caiu na gargalhada. Temer comandou a Casa entre 1997-2001.
* Com Matheus Lara
PRONTO, FALEI!
Roberto Freire
Presidente do Cidadania
"Uma tentativa de golpe em marcha na Esplanada ou extravagância bolsonarista à custa do erário?", sobre o desfile de tanques marcado para hoje.