No curto prazo, ao menos, a carta Bolsonaro/Temer cumpriu objetivos, avaliam governistas: 1) acalmou Rodrigo Pacheco (DEM-MG); 2) ajudou a esvaziar os protestos contra Jair Bolsonaro do domingo (12). O primeiro item foi muito comemorado em privado porque o presidente do Senado é visto hoje como a tábua de salvação para André Mendonça, que precisa do aval da Casa para chegar ao STF. Se o engenhoso plano montado por Davi Alcolumbre (DEM-AP) para barrar Mendonça atrair o apoio de Pacheco, será o fim da linha para o ex-AGU.
Estratégia
Segundo senadores, o plano de Alcolumbre seria inviabilizar Mendonça, impondo uma derrota a Bolsonaro e forçando a indicação de Augusto Aras para a vaga no STF. Nesse cenário, Aras chegaria ao Supremo bancado sobretudo pelo Senado, com menos compromissos assumidos com Bolsonaro do que André Mendonça. Mas falta Pacheco nessa arquitetura toda...
Água...
A semana passada terminou com a oposição no Senado comemorando a decisão do PSDB de se declarar em campo contrário ao do presidente. Pacheco esfriou os ânimos.
...fria
Pacheco disse no domingo (12) guardar "muita expectativa e confiança de que ela (a carta) se perpetue como uma tônica entre as relações dos Poderes a partir de agora". A declaração foi lida como sinal de boa vontade para com as demandas de Bolsonaro.
Pólos...
Bolsonaristas e petistas se uniram nas redes sociais para apontar o suposto fracasso dos protestos contra o presidente, que tiveram pouca gente nas ruas, mas pesos-pesados da política nos carros de som em São Paulo, como havia muito tempo não se observava em um ato.
...unidos
Ficaram evidentes duas lições: 1) o PT, por ora, não aceita alternativa que não seja a união em torno de sua liderança e da campanha de Lula; 2) o ato teve o tamanho do MBL e foi um retrato das dificuldades da terceira via.
Pronto, falei
"O perfume da democracia dissipou o cheiro de autoritarismo que ainda pairava no ar da Avenida
Paulista", afirmou a senadora Simone Tebet (MDB-MS), pré-candidata à Presidência.
Chega
Alegoria usada por um ministro para resumir a semana passada: Bolsonaro gosta de futebol e sabe que Luiz Fux deu um cartão amarelo para ele dizendo "na próxima, você está fora", como faz o juiz em campo quando quer mostrar que a paciência acabou.
Só...
Mendonça Filho está atento à fusão entre seu DEM e o PSL. O ex-ministro quer o controle do diretório de
Pernambuco, onde é adversário de PSB e PT.
...um
Luciano Bivar, o presidente nacional do PSL que pretende se manter no comando do novo partido, também é de Pernambuco.
No jogo
O ministro da Cidadania, João Roma (Republicanos), agora se dedica mais ao jogo político, após ter
obtido mais tempo livre com o envio do Auxílio Brasil ao Congresso.
Defesa
Apontado como pré-candidato ao governo da Bahia, Roma tem cumprido o papel de "advogado" de Bolsonaro, sempre pronto para rebater críticas feitas pelo PT local e apontar defeitos do adversário.