Casos de coronavírus caem em Nova York e cresce polêmica sobre confinamento nos EUA

Os Estados Unidos é o país mais afetado pela pandemia, com mais de 740.000 casos confirmados e 40.000 mortes
AFP
Publicado em 19/04/2020 às 22:08
Alguns americanos querem volta à normalidade Foto: Jason Redmond / AFP


A epidemia do novo coronavírus no estado de Nova York, o epicentro americano, entrou em uma fase descendente pela primeira vez, o que poderia alimentar a controvérsia entre o presidente Donald Trump e os governadores estaduais sobre a necessidade de manter ou não as medidas de confinamento.

"Passamos o pico e tudo indica que estamos em declínio neste momento", disse Andrew Cuomo durante sua entrevista coletiva diária.

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À medida que aumenta a pressão para retomar as atividades nos Estados Unidos, o país mais afetado pela pandemia, com mais de 740.000 casos confirmados e 40.000 mortes, Cuomo pediu cautela "para não comprometer" os progressos realizados.

"Continuar com esse declínio dependerá do que fizermos", insistiu o governador, que recentemente prolongou as medidas de confinamento em seu estado até 15 de maio.

Outros estados começaram a relaxar as medidas de distanciamento. Algumas praias da Flórida foram autorizadas a reabrir neste domingo e foram rapidamente ocupadas com pessoas.

Os governadores do Texas e Vermont também planejam reabrir algumas atividades, cautelosamente, a partir de segunda-feira.

A pressão para retomar as atividades econômicas é forte, principalmente devido ao aumento significativo do desemprego causado pela paralisia.

Manifestações contra uma quarentena considerada excessiva se multiplicaram nos últimos dias em vários estados do país.

A maioria desses protestos reuniu apenas algumas centenas de pessoas, e a realizada neste domingo em Chicago não reuniu mais de três carros com manifestantes. Mas um protesto na quarta-feira em Lansing, Michigan, teve cerca de 3.000 participantes.

Trump incentivou esses protestos com algumas de suas declarações. Na sexta-feira, ele pediu a "libertação" de alguns estados liderados por governadores democratas.

No sábado, após uma dúzia de protestos contra o confinamento em várias regiões do país, ele considerou que "alguns governadores haviam ido longe demais". Comentários criticados por vários governadores, incluindo republicanos.

Larry Hogan, governador republicano de Maryland, que foi palco de uma manifestação no sábado, considerou que "não há sentido em incentivar as pessoas a se manifestarem contra um plano sobre o qual acabamos de fazer recomendações".

Disputa sobre os testes

Trump e os governadores mantêm outro ponto de desacordo: os testes de detecção de vírus necessários para poder retomar as atividades econômicas sem arriscar uma recuperação na epidemia.

O governo federal garante que os estados já possuem kits suficientes para atingir esse objetivo, mas vários governadores discordam.

"Da mesma forma que estava certo sobre os respiradores (nosso país agora é o 'rei dos respiradores', os outros países nos pedem ajuda e vamos dar), tenho razão com os testes: os governadores devem aumentar seus esforços e fazer o trabalho. Estaremos com eles até o fim", escreveu Trump neste domingo no Twitter.

"Atualmente, existe capacidade de teste suficiente no país para que qualquer estado possa entrar na fase 1" da reabertura da economia, disse o vice-presidente, Mike Pence, à Fox News.

Entre as recomendações dadas pela Casa Branca aos estados para decidir sobre o fim progressivo do confinamento, esta primeira fase prevê a reabertura parcial de algumas empresas.

Mas o governador democrata da Virgínia, Ralph Northam, muito criticado por Donald Trump nos últimos dias por ter adotado restrições às armas, classificou essas alegações de "ilusórias" e "irresponsáveis".

"Como governadores, fomos convidados a travar essa guerra sem o material necessário", disse em entrevista à CNN.

Gretchen Whitmer, governadora democrata de Michigan, também falou da falta de material. Mas como Cuomo, reconheceu, no entanto, os acertos do governo.

De fato, ela disse que a colaboração entre o governo federal e os estados para conter a epidemia é "um feito fenomenal" e Washington foi "um parceiro extraordinário" quando teve que aumentar a capacidade dos hospitais de Nova York em março.

Mas o governador disse que o próximo desafio é testar o coronavírus. "Podemos trabalhar melhor juntos do que separadamente", declarou. "

Temos que trabalhar juntos e fazer o melhor que pudermos. Estou confiante de que teremos sucesso porque já tivemos no passado".

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