Um espanhol recusou deixar seu pai gravemente doente com coronavírus sozinho e passou 34 dias ao seu lado sem sair do quarto do hospital, informou nesta quarta-feira (29) um porta-voz da unidade de saúde.
Fazendo o gesto do V de vitória, Juan Antonio e seu pai de 70 anos, Regino, saíram no sábado do Hospital Universitário de Henares, em Coslada perto de Madri, depois de passar mais de um mês juntos no quarto.
Quando o pai foi hospitalizado, "os médicos disseram que estava em um estado muito, muito grave, que não passaria mais de três ou quatro horas com vida", explicou à AFP um porta-voz do hospital.
"Nestes casos, deixamos algum familiar acompanhar para se despedir", continuou.
Mas o pai reagiu bem ao tratamento e começou a melhorar: "Passou a primeira noite, seu filho continuava lá, passou o dia seguinte, seu filho continuava lá", disse o porta-voz.
Então, o filho teve que ficar no quarto por precaução devido à suspeita de ter sido infectado, mas quando finalmente anunciaram que estava saudável e poderia sair, "ele disse que ficaria ali", segundo a fonte.
"Este momento serviu para nos conhecermos muito melhor um ao outro", declarou o filho à rádio Cadena Ser.
O hospital disse que é "uma história bonita", mas também "uma pequena exceção devido às circunstâncias", já que o centro não pode autorizar que "todos digam: 'Eu também quero ficar com meu pai'", esclarece o porta-voz.
"Temos um programa de acompanhamento de familiares, deixamos que passem bem protegidos por 15 minutos todos os dias nos quartos, acompanhados por um psicólogo o tempo todo, deixamos que passem se o paciente estiver mal e vermos que lhe restam poucos dias ou que está piorando", acrescentou.
Com mais de 24.000 mortos, a Espanha é o terceiro país com mais mortes pela pandemia de coronavírus, atrás dos Estados Unidos e Itália.
Mas os curados em apenas um dia aumentaram nesta quarta-feira para 6.399, um recorde desde o início da epidemia neste país que se prepara para suspender gradualmente seu rigoroso confinamento até o final de junho.