George Floyd, o americano negro que morreu esta semana asfixiado após um policial branco colocar o joelho em seu pescoço enquanto estava imobilizado deitado no chão, era uma alma generosa que havia deixado Houston para começar uma nova vida em Minnesota, onde perdeu o emprego durante a crise do coronavírus.
"Todo mundo amava meu irmão", disse Philonese Floyd na quinta-feira, um dia após a morte de George Floyd, que provocou protestos em massa e novas alegações de racismo nos Estados Unidos.
"Ele era um bom gigante", disse Philonese à CNN. "Não maltratava ninguém".
Depois de se mudar para o norte em busca de um emprego como caminhoneiro, trabalhava como segurança no restaurante Conga Latin Bistro, que fechou durante a ordem de confinamento em Minnesota.
"Ele nos mantinha seguros lá, sabia?", declarou Luz María González, frequentadora daquele restaurante, à Rádio Pública Nacional.
"No fim da noite, ele dizia: 'Ei Luz, vou esperar contigo até que você pegue seu táxi.'"
Outras pessoas próximas a Floyd alegam que ele estava tentando ter uma vida melhor.
"Queria fazer algo de impacto global", disse à emissora de televisão KPRC em Houston, Jonathan Veal, amigo de Floyd desde a sexta série no Instituto Jack Yates.
Floyd, imponente em seus dois metros de altura, foi jogador de destaque de basquete e futebol americano e artista de hip-hop.
Mas decidiu sair de Houston porque estava tendo problemas para encontrar trabalho.
Veal disse que falou com Floyd pela última vez em janeiro, numa troca de mensagens de texto.
"Há algumas coisas que preciso esclarecer para meus meninos", escreveu Floyd a Veal.
"Minha fé está voltando para onde deveria estar."
Mas em 25 de maio, depois de nove minutos de agonia gravada em vídeo, ele morreu sob a pressão do joelho de um policial no pescoço, e ficou jogado na rua, desarmado e algemado.
"Por favor, por favor, não consigo respirar", implora Floyd ao policial, num apelo que é possível ouvir no vídeo que viralizou.
A polícia o identificou como suspeito em um caso de falsificação em um supermercado. Um funcionário ligou para o 911 na segunda-feira depois que Floyd supostamente comprou cigarros com dinheiro falso.
Bridgett Floyd disse que seu irmão não era perfeito, embora seja "de partir o coração" que ele tenha sido morto pela polícia.
"Foi exatamente o que eles fizeram", disse à NBC News. "Eles mataram meu irmão. Ele estava gritando por socorro."
Quatro policiais foram demitidos por este incidente. Um deles, Derek Chauvin, foi preso na sexta-feira e acusado de assassinato em terceiro grau.
A namorada de Floyd, Courtney Ross, afirmou que ele era uma luz brilhante na comunidade.
"Ele não passava de um anjo que foi enviado à Terra", declarou à CBS News. "E nós o demonizamos e o matamos."
Floyd tinha dois filhos. Roxie Washington, mãe de sua filha de seis anos, que vive em Houston, o descreveu como um pai dedicado.
"As pessoas estavam erradas sobre ele porque ele era tão grande que sempre pensavam que ele era um lutador", afirmou Washington, de acordo com o Houston Chronicle.
"Mas ele era uma pessoa adorável ... E ele amava a filha."
Stephen Jackson, um dos velhos amigos de Floyd, tornou-se uma estrela do basquete da NBA, mas Floyd nunca deixou isso mudar sua amizade.
"Nos considerávamos gêmeos", afirmou emocionado Jackson em um vídeo publicado no Instagram.
"Ele estava mudando sua vida", ela se mudou para Minnesota para trabalhar e sustentar seus filhos, acrescentou Jackson.
"Meu amigo estava fazendo o que deveria fazer, cara, e todos vocês chegam e matam meu irmão."