A China prometeu, nesta segunda-feira (1º), ao governo dos Estados Unidos uma resposta após os anúncios do presidente Donald Trump, que deseja limitar a entrada de cidadãos chineses em seu país e impor sanções comerciais a Hong Kong.
"Qualquer declaração ou ação que prejudique os interesses da China encontrará um firme contra-ataque", declarou Zhao Lijian, porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores.
Esta é a primeira reação de Pequim às medidas anunciadas na sexta-feira (29) pelo presidente americano. A tensão entre os dois países é grande em consequência da pandemia de covid-19, da situação dos muçulmanos uigures no noroeste da China e do comércio bilateral.
Em uma declaração com tom firme, Donald Trump anunciou a suspensão da entrada nos Estados Unidos dos cidadãos chineses que representam um "risco" potencial para a segurança do país.
O republicano também pediu a sua administração que retire as medidas comerciais preferenciais para Hong Kong, ao criticar uma polêmica lei sobre segurança nacional imposta por Pequim no território autônomo. Trump pediu ainda a investigação de empresas chinesas cotadas nos Estados Unidos.
"A China pede ao governo dos Estados Unidos para remediar imediatamente esses erros e que abandone a mentalidade de Guerra Fria", ressaltou Zhao Lijian em entrevista coletiva.
O catalisador dessa série de medidas parece ser a polêmica lei de segurança nacional que a China deseja impor a Hong Kong, considerada uma maneira de silenciar a oposição e restringir as liberdades no território semi-autônomo, palco de massivas e frequentemente violentas manifestações pró-democracia desde 2019.
A entrega de Hong Kong à China foi feita sob o princípio "um país, dois sistemas", que permitiu à ex-colônia britânica preservar liberdades desconhecidas na China continental, como uma Justiça independente, liberdade de expressão e um parlamento parcialmente eleito por sufrágio universal, além de outras no campo econômico.
Essas exceções levaram muitos países, como Estados Unidos, a aprovar leis que autorizam tratar Hong Kong como uma entidade comercial separada do regime chinês.
Mas a China "não cumpriu sua palavra de garantir a autonomia de Hong Kong", explicou Trump na sexta-feira. "É uma tragédia para o povo de Hong Kong, para o povo da China e para todo o mundo", acrescentou.
Portanto, o presidente americano anunciou que deseja encerrar as isenções concedidas a Hong Kong como parte de seu relacionamento especial.
"Todas as medidas anunciadas (por Donald Trump) constituem uma séria interferência nos assuntos internos da China", respondeu Zhao Lijian nesta segunda.
O porta-voz aproveitou a ocasião para comparar os protestos em Hong Kong em 2019 e os que agora ocorrem em várias cidades dos Estados Unidos, após a morte de um cidadão negro pela polícia.
Iniciado em Minneapolis (norte), o movimento se espalhou por todo o país, onde milhares de cidadãos se manifestaram contra a violência policial.
"Por que os Estados Unidos tratam como heróis os defensores da violência e da independência de Hong Kong e chamam de 'agitadores' aqueles que denunciam o racismo?", questionou Zhao Lijian.
A resposta dos Estados Unidos às manifestações contra a violência policial em seu território é "um exemplo clássico de seus duplos padrões mundialmente famosos", disse o porta-voz chinês, que também denunciou a "doença crônica" do racismo nos Estados Unidos. Os distúrbios nas cidades americanas têm grande cobertura da mídia chinesa.