Uma mulher de cerca de 20 anos cujos pulmões foram afetados de forma irreversível pela covid-19 recebeu um transplante duplo deste órgão em Chicago, anunciou nesta quinta-feira o hospital onde ocorreu a cirurgia.
"Um transplante de pulmão era a sua única chance de sobrevivência", disse em comunicado Ankit Bharat, chefe de cirurgia torácica no Hospital Northwestern de Chicago. Trata-se do primeiro transplante deste tipo realizado nos Estados Unidos, mas não no mundo, já que médicos chineses fizeram a mesma cirurgia em março.
A paciente é uma mulher hispânica que não tinha doenças pré-existentes, segundo o hospital. Ainda assim, ela desenvolveu a forma grave da covid-19, o que a levou a ficar internada por seis semanas na UTI.
A paciente teve que usar respirador artificial e ser conectada a uma máquina chamada ECMO, que substitui o coração e os pulmões para oxigenar e fazer o sangue circular pelo corpo. No último dia 5, a jovem foi submetida durante 10 horas a uma intervenção "muito difícil", segundo Bharat, e que, geralmente, leva cerca de seis horas.
O sucesso da intervenção mostrou que este tipo de transplante é possível e seguro, comemorou o médico. "Espero, realmente, que possamos operar cada vez mais pacientes que dependem hoje de um respirador artificial porque seus pulmões foram destruídos de forma permanente", disse.
A paciente, que preferiu não se identificar, está consciente, mas continua usando um respirador. Ela pôde ver a família por videoconferência, contou o médico, explicando que a jovem permanecerá intubada até ganhar força, o que deverá ocorrer daqui a algumas semanas.
Foi necessário esperar até que a paciente testasse negativo para o novo coronavírus para realizar o transplante, e também que os órgãos da jovem se recuperassem o suficiente para suportar a cirurgia. "Tivemos que agir muito rapidamente, dia e noite, para ajudá-la na oxigenação e apoiar seus demais órgãos, para que ela pudesse resistir ao transplante", explicou Beth Malsin, especialista pulmonar do hospital.
A equipe médica ficou surpresa com a virulência do novo coronavírus, já que não é comum que uma pessoa tão jovem apresente danos irreversíveis nos pulmões. "Como uma mulher de 20 anos saudável chegou a este estado? Ainda temos muito a aprender sobre a Covid-19", reconheceu o pneumologista Rade Tomic.
A esperança da equipe é de que pacientes que tiveram a doença e puderam voltar para casa, mas que sofreram uma perda permanente de suas funções respiratórias, possam ser submetidos a um transplante no futuro. Nos Estados Unidos, a espera para um transplante de pulmão é de três a seis meses.