As autoridades russas informaram neste sábado (15) que o país produziu o primeiro lote da vacina contra o coronavírus, anunciada no início da semana pelo presidente Vladimir Putin e que o resto do planeta recebeu com ceticismo.
"O primeiro lote da nova vacina conta o coronavírus foi produzido no Centro de Pesquisas Gamaleya", anunciou o ministério da Saúde da Rússia em um comunicado, citado pelas agências de notícias do país.
O presidente Putin afirmou na terça-feira que uma primeira vacina "bastante eficaz" foi registrada na Rússia pelo Centro de Pesquisas de Epidemiologia e Microbiologia Nikolai Gamaleya, em Moscou, em associação com o ministério russo da Defesa.
Durante o anúncio, Putin também afirmou que uma de suas filhas foi vacinada com a Sputnik V, nome escolhido para o fármaco, em uma referência ao satélite soviético colocado em órbita em 1957, em plena Guerra Fria.
Cientistas ocidentais, no entanto, expressaram ceticismo. Alguns afirmaram que uma vacina desenvolvida de maneira precipitada pode ser perigosa, pois a fase final dos testes (na qual a eficácia é comprovada com milhares de voluntários) começou esta semana.
O diretor do Centro Gamaleya, Alexander Guinstbourg, afirmou neste sábado à agência TASS que os voluntários que participam na última fase receberiam duas injeções.
O fundo soberano russo envolvido no desenvolvimento da vacina afirmou que a produção industrial começará em setembro e que 20 países já encomendaram mais de um bilhão de doses.
O instituto Gamaleya foi acusado de não respeitar os protocolos habituais com o objetivo de acelerar o processo de fabricação e comercialização da vacina.
Até o momento a Rússia não divulgou um estudo detalhado que permita verificar de maneira independente seus resultados.
Com mais de 917.000 casos oficiais de COVID-19 registrados, a Rússia é o quarto país do mundo mais afetado pela pandemia (em número de contágios), atrás dos Estados Unidos, Brasil e Índia.
O novo coronavírus matou mais de 760.000 pessoas em todo o planeta e mais de 21,2 milhões foram infectadas, segundo balanço mais recente da AFP com base em fontes oficiais.
Diante de um vírus que não dá trégua, a esperança passa por uma vacina. O governo dos Estados Unidos, que investiu mais de 10 bilhões de dólares em seis projetos de vacinas e assinou contratos que garantem a entrega de centenas de milhões de doses em caso de êxito, prometeu vacinar os americanos de maneira gratuita.
AMÉRICA LATINA
América Latina e Caribe, a região mais afetada do mundo pelo coronavírus, superaram neste sábado a marca de seis milhões de contágios, enquanto a Europa acelera a adoção de novas restrições ante o temor de uma segunda onda.
Nos últimos sete dias, quase metade das mortes no mundo por COVID-19 aconteceram na América Latina e Caribe, região que contabiliza 237.829 vítimas fatais desde o início da pandemia, de acordo com um balanço da AFP com base em dados oficiais.
Esta região, que entre 8 e 14 de agosto também registrou a maior quantidade de casos, alcançou 6.024.138 contágios neste sábado.
O Brasil, com 3,2 milhões de casos e 106.523 mortos, é o país mais afetado da região.
Depois do Brasil, a lista de países mais afetados da região inclui Peru (516.296 casos e 25.856 óbitos) e México (511.369 infectados e 55.908 mortos).
O país andino registra o balanço mais grave em termos proporcionais, com 784 mortes para cada milhão de habitantes (a população total é de 32,9 milhões). O Brasil registra 501 falecimentos por milhão de pessoas, entre uma população de 212 milhões.
A Argentina ampliou o isolamento até 30 de agosto, com alguma flexibilidade em Buenos Aires e mais rigor nas províncias em que o vírus está em aceleração - o país registra 5.500 mortes. O Equador superou neste sábado a marca de 100.000 casos e prorrogou até 13 de setembro o estado de exceção em vigor desde março.