TikTok aposta em parceria com a Oracle nos EUA

Aliança se forma como tentativa de resolver disputa sobre a plataforma que Trump quer proibir nos EUA caso não passe para uma empresa americana
AFP
Publicado em 14/09/2020 às 19:59
ESTRATÉGIA Nova ferramenta "TikTok Pulse" ajudará na iniciativa de atrair mais anunciantes para a plataforma Foto: REPRODUÇÃO


O governo dos Estados Unidos estudará esta semana uma "proposta" de aliança entre o grupo chinês ByteDance e o norte-americano Oracle, para tentar resolver a disputa sobre a popular plataforma de vídeo TikTok, que Donald Trump quer fechar caso não passe às mãos de um empresa americana.

"Recebemos uma proposta no fim de semana que lista a Oracle como um parceiro de tecnologia confiável, com muitas recomendações sobre segurança nacional", disse o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, à CNBC.

A Oracle confirmou ter apresentado uma proposta, sem oferecer detalhes.

Mnuchin também não deu detalhes sobre a forma da aliança entre a Bytedance e a Oracle, especializada em software e serviços para empresas.

O presidente Trump, que durante meses acusou a popular rede social de suposta espionagem em nome da China, assinou decretos para forçar a ByteDance a vender rapidamente as atividades da TikTok em solo americano.

"Vamos discutir isso no comitê Cfius (investimento estrangeiro, ndlr) esta semana, depois faremos uma recomendação ao presidente e analisaremos com ele", disse o secretário do Tesouro, que acrescentou que haverá conversas "com a Oracle nos próximos dias" sobre segurança de dados.

"Não quero entrar em detalhes da negociação, direi apenas que um fator que sempre foi fundamental para nós é a segurança nacional, garantindo que a tecnologia nos telefones americanos seja segura", insistiu Mnuchin, que mencionou "grande confiança na Microsoft e na Oracle".

Uma fonte próxima ao caso disse ao jornal The Wall Street Journal que o acordo não será "provavelmente estruturado como uma venda", enquanto alguns meios de comunicação citando fontes chinesas mencionaram nesta segunda-feira uma "sociedade tecnológica privilegiada" e não uma venda das atividades americanas da TikTok.

Resta saber se esse tipo de aliança satisfaria Trump.

Trata-se de uma corrida contra o tempo. O prazo, que passou de 15 para 20 de setembro, está correndo. O TikTok já entrou com uma ação judicial contra o governo dos EUA e a negociação de ações da Oracle foi suspensa logo após a abertura de Wall Street nesta segunda-feira.

Após a negociação ser restabelecida, as ações da Oracle fecharam o dia em alta de 4,32%.

A Microsoft estava interessada em comprar as operações da TikTok nos Estados Unidos. O grupo de supermercados Walmart, outro gigante, se associou à Microsoft nesta tentativa de aquisição que foi rejeitada pelo ByteDance no domingo.

A jogada chinesa

"Achamos que a Microsoft queria comprar o TikTok apenas com seu algoritmo principal, uma condição na qual o governo chinês e a ByteDance não queriam ceder", disse Daniel Ives, analista da Wedbush Securites, em nota.

No final de agosto, o Ministério do Comércio chinês alterou sua lista de tecnologias com limitações ou proibições de exportação, que agora inclui tecnologias de inteligência artificial como as que fizeram o TikTok, uma plataforma na qual vídeos são exibidos para os usuários mais pelos seus gostos do que de seus contatos.

A ByteDance informou que irá "respeitar rigorosamente" as novas regras de Pequim, ou seja, obter licença de exportação das autoridades chinesas.

Em agosto, o aplicativo ultrapassou 2 bilhões de downloads no mundo e afirma estar presente em mais de 200 países. Nos Estados Unidos, a rede social afirma ter 100 milhões de usuários mensais.

A guerra pelo TikTok ocorre no contexto de uma deterioração mais ampla nas relações entre as duas principais economias mundiais por meses, com os Estados Unidos e a China lançando duras recriminações no campo comercial, direitos humanos ou responsabilidade pela pandemia do coronavírus.

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