Após cancelamento de debate, Casa Branca terá comício de Trump

O terceiro e último debate entre os dois continua de pé, marcado para o dia 22 de outubro
Estadão Conteúdo
Publicado em 09/10/2020 às 21:51
Os americanos acordaram nesta quarta-feira (4) sem saber o nome de seu próximo presidente Foto: ALEX EDELMAN/GETTY IMAGES NORTH AMERICA/AFP


A Comissão de Debates Presidenciais cancelou ontem o segundo encontro entre Donald Trump e seu rival Joe Biden, que seria realizado na quinta-feira, em Miami. Mesmo diagnosticado com covid - razão principal para o cancelamento -, o presidente anunciou que fará hoje um comício para centenas de pessoas no gramado da Casa Branca.
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O terceiro e último debate entre os dois continua de pé, marcado para o dia 22, em Nashville, no Estado do Tennessee. A decisão de cancelar o segundo encontro foi tomada após a campanha de Trump rejeitar um debate virtual. Os republicanos sugeriram mais um evento no dia 29, mas os democratas descartaram a proposta.
Assim que Trump afirmou que não participaria de um debate virtual, na noite de quinta-feira, a campanha democrata tratou de ocupar a data, marcando um encontro de Biden com eleitores na Filadélfia, que será transmitido pela ABC News.
Ontem, o candidato democrata fez campanha no Estado de Nevada e continuará a percorrer o país, se aproveitando do isolamento de Trump na Casa Branca. Atrás nas pesquisas, o presidente corre contra o tempo e está ansioso para voltar à campanha. A 25 dias da eleição, segundo o site Five Thirty Eight, que faz uma estimativa com base em várias sondagens, Biden tem uma vantagem de 10 pontos porcentuais.

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Por isso, mesmo infectado, Trump marcou para hoje um comício no gramado da Casa Branca, para centenas de pessoas, e outro na Flórida, na segunda-feira. Serão os primeiros compromissos eleitorais desde que o presidente anunciou que havia contraído o coronavírus, na semana passada. De acordo com aliados, o presidente discursaria de uma das sacadas da residência oficial. "Ele está pronto para fazer campanha. Ele quer falar com o povo americano", disse sua porta-voz, Kayleigh McEnany, também infectada.
Trump pretendia retomar sua agenda de viagens de campanha e grandes comícios neste fim de semana. No entanto, após críticas de especialistas, ele voltou atrás.
Risco político. Assessores do republicano ouvidos pelo New York Times temem que o evento na Casa Branca seja mais um revés para o presidente, que tem sido criticado por minimizar a gravidade da pandemia, que já matou 210 mil americanos e contaminou muitos de seus aliados e funcionários da Casa Branca.
Seria a segunda vez que Trump usaria a residência oficial para um evento partidário - o discurso em que ele aceitou a indicação do Partido Republicano para concorrer à reeleição também ocorreu no mesmo lugar, algo incomum na política americana.
O comício acontecerá duas semanas após uma celebração pela indicação da juíza Amy Coney Barrett para a Suprema Corte nos jardins da Casa Branca e apontada por funcionários como a possível fonte de um surto do novo coronavírus que infectou Trump, a primeira-dama, Melania, e mais de 20 outras pessoas que estiveram no evento da juíza.
Anthony Fauci, principal especialista em doenças infecciosas dos Estados Unidos, que coordena a resposta do governo contra a pandemia, disse ontem à CBS News Radio que o evento da Casa Branca "espalhou" o vírus, lembrando que as pessoas se aglomeraram sem usar máscaras, algo que tem sido habitual nos eventos do presidente Trump.
O encontro entre Trump e Biden não foi o único cancelado ontem. Na Carolina do Sul, o debate entre o democrata Jaime Harrison e o republicano Lindsey Graham - candidatos ao Senado - também foi desmarcado depois que o republicano, um aliado próximo de Trump, se recusou a fazer um teste de covid-19.
A Carolina do Sul sempre foi um reduto do Partido Republicano, mas a disputa pela vaga de senador, que parecia mera formalidade para Graham, está surpreendentemente apertada, com os dois candidatos empatados, de acordo com pesquisas. O fato de uma eleição estar sendo disputada voto a voto em um Estado conservador, segundo analistas, mostra como Trump vem prejudicando outros candidatos republicanos ao Congresso.
Ontem, Ted Cruz, um dos republicanos mais conservadores do Senado, disse que o partido pode ter de enfrentar nas urnas um "banho de sangue" histórico. "Estou preocupado", disse Cruz. "As pessoas estão insatisfeitas, irritadas, deprimidas e desistiram de ter esperança. Nós corremos o risco de perder a presidência e as duas Casas do Congresso, o que seria um banho de sangue das proporções de Watergate." Em 1976, após o escândalo que derrubou o presidente republicano Richard Nixon, os democratas voltaram à Casa Branca e obtiveram a maioria na Câmara dos Deputados e no Senado. (Com agências internacionais)
 
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