O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou neste domingo (11) que está "imune" à covid-19, um dia depois de seu médico ter emitido uma curta nota afirmando que o presidente não corria mais o risco de transmitir o vírus.
"Parece que estou imune, não sei, talvez por muito tempo, talvez por pouco tempo, talvez por toda a vida. Ninguém sabe realmente, mas estou imune", disse ele em entrevista por telefone à Fox News. "Vocês têm um presidente imune (...) Vocês têm hoje um presidente que não precisa se esconder em seu porão como seu adversário", acrescentou Trump, que busca um segundo mandato, referindo-se ao candidato democrata Joe Biden.
A questão da imunidade à covid-19 ainda não está totalmente clara. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou em agosto que, "ainda não há dados suficientes para confirmar se os anticorpos protegem, quais níveis de anticorpos são necessários ou quanto tempo a proteção vai durar".
No final de agosto, pesquisadores de Hong Kong anunciaram que haviam descoberto o primeiro caso comprovado de reinfecção de covid-19, alguns meses após a recuperação do paciente.
Trump disse estar "imune" um dia depois que seu médico, Sean Conley, emitiu uma breve mensagem na qual indicava que não havia mais o risco de o presidente transmitir o vírus.
"Antecipo um retorno totalmente seguro do presidente aos seus compromissos públicos", escreveu ele.
Durante a entrevista à Fox News, Trump, de 74 anos, também deu a entender que seu rival democrata Joe Biden, de 77 anos, poderia estar doente.
"Olhe para o Joe, ele tossia terrivelmente ontem (sábado), aí ele pegava a máscara, depois tossia", disse ele. "Não sei o que isso significa, mas a imprensa não tem falado muito sobre isso", acrescentou.
A equipe de campanha de Biden publica os resultados dos testes de covid-19 que o candidato faz diariamente. Até agora, todos os testes foram negativos.
Uma transparência que o presidente dos Estados Unidos não pratica. Sua equipe médica se recusa a dizer quando Trump deu negativo pela última vez. Essa postura alimenta as suspeitas de que o presidente não se submetia a um teste há vários dias antes de anunciar, em 1º de outubro, que havia contraído o coronavírus.
Trump falou no sábado na Casa Branca para centenas de apoiadores e está retornando à arena de campanha em um ritmo intenso. Na segunda-feira fará um comício na Flórida (sudeste); na terça, na Pensilvânia (noroeste), e na quarta, em Iowa (centro).
Num momento em que o número de mortos da pandemia ultrapassa 214.000 no país, Biden está quase dez pontos, em média, à frente de Trump nas pesquisas nacionais. E também consolidou sua vantagem em intenção de voto nos estados decisivos para a eleição.
Diante desses números preocupantes para seu futuro político, Trump evoca, mais do que nunca, o fator surpresa de 2016, em busca de repetir a história. Em um tuíte matinal, ele citou o estatístico eleitoral americano Nate Silver dizendo: "A vitória de Trump em 2016 foi o evento político mais chocante da minha vida". "Desta vez há mais ENTUSIASMO até do que em 2016", acrescentou. "Ganhar em muitos estados com muito mais facilidade do que as pessoas entendem. GRANDES MULTIDÕES!", assegurou.