Saiba por que a apuração dos votos é demorada nos EUA

Em alguns locais, fatores particulares podem atrasar ainda mais a apuração
AFP
Publicado em 06/11/2020 às 23:47
Equipe de Joe Biden já conta com plano para revidar ataques de Donald Trump Foto: JIM WATSON, BRENDAN SMIALOWSKI / AFP


Três dias após o fechamento das urnas, os Estados Unidos e o mundo desconheciam o resultado final das eleições presidenciais, embora o democrata Joe Biden esteja prestes a derrotar o republicano Donald Trump.

A espera alimentou a tensão em um país polarizado, com Trump afirmando, sem provas, que os democratas fraudam o processo. Mas o atraso na apuração se deve a motivos específicos de cada estado.

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Na Califórnia, o estado mais populoso e de tradição progressista, a vitória foi atribuída rapidamente pela imprensa a Biden, após o fechamento das urnas. Mas esse tipo de estimativa não equivale a resultados oficiais, e é bem mais demorado obter dados precisos nos estados onde a margem entre os candidatos é estreita.

"Quanto mais acirrada a disputa, mais ela demora", explicou a secretária do estado da Pensilvânia Kathy Boockvar. Cada estado também estabelece prazos diferentes para receber os votos enviados pelo correio, principalmente os que são enviados por militares ou outros cidadãos que vivem no exterior.

A Carolina do Norte, outro estado-chave, ainda não apurou pelo menos 171 mil cédulas, já que aceita votos recebidos pelo correio até 12 de novembro, desde que tenham o carimbo do dia da eleição. A quantidade é suficiente para definir o resultado final.

Algumas autoridades locais, por sua vez, preferem aguardar a chegada de todos os votos antes de iniciar a apuração.

Em Nevada, onde a diferença entre Biden e Trump é apertada, serão contabilizados votos com carimbo do dia 3 que chegarem até 10 de novembro.

Também causam atraso as chamadas cédulas "provisórias", que requerem a confirmação, por exemplo, da identificação do eleitor ou se a pessoa votou onde lhe correspondia.

Devido à pandemia, estados acostumados a um número limitado de votos pelo correio foram inundados de cédulas enviadas por cidadãos que não quiseram correr o risco de votar presencialmente. Cerca de 65 milhões dos 160 milhões de eleitores que votaram este ano - um recorde - depositaram seu voto pelo correio, segundo estimativa do US Elections Project.

Na Pensilvânia, os republicanos, maioria no parlamento local, rejeitaram uma proposta para iniciar a apuração dos votos enviados pelo correio antes do dia das eleições, ao contrário de outros estados.

Em alguns locais, fatores particulares atrasam ainda mais a apuração, como no condado de Chatham, Geórgia, outro estado bastante disputado, onde uma divisão eleitoral e uma junta de registro examinam as cédulas separadamente.

A campanha de Trump favorece o atraso e pediu a suspensão da contagem em estados onde Biden está à frente, principalmente na Pensilvânia, onde o Partido Republicano entrou com recurso na Suprema Corte.

Em Wisconsin, onde Biden foi declarado vencedor, a Suprema Corte determinou que seriam contados apenas os votos recebidos até o dia das eleições.

A maioria dos estados permitem que observadores rivais acompanhem a apuração, e algumas reclamações envolvendo as regras também atrasaram o processo.

 
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