Luis Arce toma posse na Bolívia com crítica a governo interino

A cerimônia em La Paz teve a presença dos chefes de Estado da Argentina, Paraguai, Colômbia e Espanha, entre outros, além de altos funcionários do Chile, Uruguai, Irã e do governo de Nicolás Maduro, da Venezuela. O Brasil não enviou um diplomata para a posse
Estadão Conteúdo
Publicado em 08/11/2020 às 22:02
Arce tem posse prevista para este domingo (8) Foto: RONALDO SCHEMIDT / AFP


O ex-ministro Luis Arce tomou posse como presidente da Bolívia ontem projetando um governo de união e criticou o regime interino que liderou o país por um ano. A posse ocorreu três semanas após a eleição que marcou a volta dos aliados de Evo Morales ao poder no país andino. A cerimônia em La Paz teve a presença dos chefes de Estado da Argentina, Paraguai, Colômbia e Espanha, entre outros, além de altos funcionários do Chile, Uruguai, Irã e do governo de Nicolás Maduro, da Venezuela. O Brasil não enviou um diplomata para a posse e foi representado por seu corpo diplomático em La Paz.
Integrante do Movimento ao Socialismo (MAS), o ex-ministro da Economia prometeu em seu discurso inaugural começar a governar com o objetivo de tentar unir uma nação dividida, que ainda se recupera da crise política e da pandemia do coronavírus. "Queremos fazer um governo que seja para todas e para todos, sem discriminação de nenhuma natureza", declarou Arce ao Congresso boliviano.
O ex-ministro da Economia, apontado como o arquiteto do rápido crescimento da Bolívia no governo Evo, disse que o país foi, no último ano, cenário de uma "guerra interna e sistemática" contra o povo, com um governo "ilegal e ilegítimo" que estigmatizou movimentos sociais, camponeses e indígenas.
"Temos diante de nós o grande desafio de reconstruir nossa economia, gerar certezas, gerar crescimento, reduzir as desigualdades econômicas e sociais", afirmou Arce.
O socialista de 57 anos foi eleito com 55% dos votos, à frente do ex-presidente Carlos Mesa, com 29%. A disputa foi realizada após um ano de turbulência política iniciada depois da renúncia de Evo, pressionado por militares e protestos violentos.
Ele foi forçado a renunciar após manifestações generalizadas e ter perdido o apoio da polícia e dos militares. Foi então formado um governo interino liderado pela senadora Jeanine Áñez, que tentou se viabilizar nas urnas, mas falhou.
Evo fugiu do país para o México e depois para a Argentina. Agora, deve voltar a solo boliviano. Nas redes, escreveu que era um dia "histórico" para a recuperação da democracia boliviana. "Vencemos a batalha apenas com a consciência do povo, sem violência."
As mudanças feitas pelo Congresso - controlado pelos socialistas - para reduzir a maioria necessária para aprovar novas leis e a planejada volta de Evo do exílio na Argentina são alguns dos principais aspectos rejeitados pela oposição.
O país registrou protestos ontem em cidades como La Paz, Santa Cruz e Cochabamba, mostrando que o nível de tensão política continua alto. Apoiadores do presidente e do MAS se reuniram no centro de La Paz para comemorar.
Arce, que foi escolhido pessoalmente por Evo e é um aliado próximo, disse que o ex-presidente não terá nenhum papel em seu governo. Evo deve voltar para a Bolívia na segunda, antes de seguir para seu reduto rural em Chapare. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
 
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