"A catástrofe do Monte Meron é uma das mais graves a atingir o Estado de Israel", afirmou em uma mensagem no Twitter o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que visitou o local da tragédia e decretou um dia de luto nacional no domingo.
O Magen David Adom, equivalente israelense da Cruz Vermelha, informou que atendeu durante a noite 150 feridos, seis deles em estado cítico.
O canal de televisão Kan, que exibiu imagens de uma barreira de metal que se partiu com o movimento da multidão, indicou que 18 pessoas estavam em situação "preocupante".
A jornalista Rubi Hammerschlag afirmou que viu o que chamou de "tapete de roupas" no chão, incluindo chapéus e livros.
"As pessoas estavam empilhadas umas sobre as outras", disse Hammerschlag, antes de destacar que elas "se esmagavam"".
As circunstâncias exatas da tragédia ainda não foram determinadas.
"A polícia chegou (...) e decidiu fechar a rampa de saída de uma das fogueiras, que estava lotada", relatou à AFP Shmuel, de 18 anos e que testemunhou o ocorrido. "Chegaram mais pessoas, cada vez mais (...) A polícia não permitia a saída e começaram a se apertar uns contra os outros, e depois a se esmagar".
"A polícia não reabriu (a barreira) até que se rompeu e toda a multidão explodiu para os lados. Dezenas de pessoas morreram esmagada, uma catástrofe", completou Shmuel.
Dezenas de ambulâncias seguiram para o local. As equipes de emergência tiveram dificuldades para chegar aos feridos pelo tamanho da multidão. Seis helicópteros também transportaram as vítimas para cidades próximas.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, desejou ao povo israelense "força e coragem para superar estos momentos difíceis".
União Europeia e França expressaram de modo separado condolências às famílias das vítimas e à população, desejando "uma pronta recuperação aos feridos". A Alemanha se declarou "profundamente comovida".
"Terríveis cenas na festa de Lag Baomer em Israel", tuitou o primeiro-ministro britânico Boris Johnson.
Funerais estão previstos para esta sexta-feira em Jerusalém e Tel Aviv.
"Este foi um dos incidentes mais difíceis que tive que enfrentar. Lembrou a época dos bombardeios", disse Kan Dov Maisel, do serviço de resgate United Hatzala, a Army Radio.
As imagens publicadas nas redes sociais mostram uma procissão com uma multidão compacta e que se aproximava de uma estrutura de metal, onde judeus religiosos estavam de pé ao redor de uma fogueira.
Antes da tragédia, a multidão percorria corredores e salões, dançando e cantando, rezando e acendendo velas e fogueiras, segundo imagens filmadas pela AFP. Homens e mulheres estavam separados e também havia crianças.
Amit Sofer, membro do conselho regional de Merom Hagalil, afirmou que as autoridades pensaram inicialmente que "um palco havia desabado".
O comandante da polícia da região norte, Shimon Lavi, disse à imprensa que "assume a responsabilidade" pelo desastre.
Dezenas de milhares de pessoas compareceram na quinta-feira à noite à peregrinação anual, o maior ato público no país desde o início da pandemia.
As autoridades permitiram a presença de 10.000 pessoas na área do túmulo, mas, segundo os organizadores, em todo o país foram fretados mais de 650 ônibus, o que representa pelo menos 30.000 pessoas. A imprensa local calculou o fluxo em 100.000 pessoas, mas o número não foi confirmado pelas autoridades.
Em 2019, um ano antes da pandemia que provocou o cancelamento da peregrinação em 2020, os organizadores calcularam que 250.000 compareceram ao local.
A peregrinação, que celebra a festa judaica de Lag Baomer, acontece no Monte Meron ao redor do túmulo de Rabi Shimon Bar Yojai, um talmudista do século II ao qual é atribuída a redação do Zohar, uma obra central da mística judaica.
A festividade é alegre e celebra o fim de uma epidemia devastadora entre os alunos de uma escola talmúdica daquela época.