Afeganistão

Talibã agradece ao mundo pela ajuda de mais de US$ 1,2 bilhão prometida e pede generosidade aos EUA

Segundo a ONU, quase toda a população afegã pode ficar abaixo do limite de pobreza no ano que vem (97%)

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AFP

Publicado em 14/09/2021 às 22:31 | Atualizado em 14/09/2021 às 22:43
Talibã retornou ao poder em Cabul - JAVED TANVEER/AFP

Os talibãs agradeceram à comunidade internacional, nesta terça-feira (14), pela ajuda de US$ 1,2 bilhão prometida ao Afeganistão e pediram aos Estados Unidos que se mostrem mais generosos.

"Agradecemos e recebemos favoravelmente o compromisso do mundo de quase um bilhão de dólares em ajuda e pedimos que continue ajudando o Afeganistão", declarou o ministro em exercício das Relações Exteriores do novo Executivo afegão, Amir Khan Muttaqi.

Washington prometeu na segunda-feira, como parte de uma iniciativa da ONU, quase 64 milhões de dólares para as organizações humanitárias que trabalham no Afeganistão. Em comparação, o governo americano gastou 2 trilhões de dólares em 20 anos de guerra no país.

A situação é crítica para milhões de afegãos, que antes da vitória do Talibã já sofriam pelas consequências econômicas de duras secas, da covid-19 e de décadas de guerra.

Segundo a ONU, quase toda a população afegã pode ficar abaixo do limite de pobreza no ano que vem (97%), enquanto agora essa porcentagem está em 72%.

Mais generosidade

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu na segunda-feira à comunidade internacional para dialogar com os talibãs, apesar das relutâncias de vários países em fornecer ajuda ao governo islâmico ultraconservador dos insurgentes.

"Se quisermos avançar os direitos humanos do povo afegão, a melhor maneira de progredir com a ajuda humanitária é dialogar com os talibãs e usar essa ajuda humanitária para impulsionar a aplicação desses direitos", disse.

O governo americano, que gastou mais de 2 bilhões de dólares em duas décadas de conflito, forneceu apenas 64 milhões à iniciativa da ONU.

O chefe da diplomacia afegã pediu mais solidariedade aos Estados Unidos, que são um "grande país e precisam mostrar sua generosidade".

Segundo Amir Khan Muttaqi, os talibãs ajudaram o exército dos EUA "facilitando sua retirada. Mas em vez de agradecerem, falam de impor sanções ao nosso povo".

Protestos em Kandahar

A caótica retirada americana no Afeganistão continua gerando polêmica em Washington.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, defendeu sua gestão na segunda-feira em um tenso debate no Congresso, no qual a oposição republicana denunciou uma "rendição incondicional" aos insurgentes.

"Herdamos um prazo, não herdamos um plano", lamentou Blinken.

Washington informou nesta terça-feira que cerca de 500 "soldados e civis" afegãos foram evacuados do Uzbequistão.

Os talibãs anunciaram na semana passada a formação de seu governo, do qual fazem parte vários líderes históricos deste movimento nacionalista e fundamentalista islâmico.

Embora tenham se comprometido a impor um novo governo menos brutal e rigoroso do que o dos anos 1990, os talibãs já reprimiram e proibiram manifestações em grandes cidades do país. Entre elas, várias mulheres exigiam poder continuar trabalhando para alimentar suas famílias.

Centenas dessas mulheres protestaram nesta terça-feira em Kandahar, a grande cidade do sul e berço do movimento do Talibã, contra a decisão das novas autoridades de expulsar de suas casas os militares afegãos e seus familiares, e dar essas casas a combatentes insurgentes.

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