A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, elogiou nesta quarta-feira (29) o líder do Partido Social-Democrata (SPD), Olaf Scholz, ao parabenizá-lo por sua vitória nas eleições legislativas, enquanto parece cada vez mais provável uma aliança entre sociais-democratas, Verdes e o Partido Democrático Liberal (FDP).
A chanceler, que se prepara para deixar a política após 16 anos no poder, falou hoje pela primeira vez desde a histórica derrota de seu partido no domingo (26), em um breve pronunciamento.
Merkel parabenizou Olaf Scholz, líder dos sociais-democratas e vice-chanceler de seu governo, "por seu sucesso" nas eleições legislativas, nas quais o SPD ficou um pouco à frente da união conservadora da chanceler, formada pelos partidos União Democrata-Cristã (CDU) e União Social-Cristã (CSU), com 25,7% dos votos.
As felicitações foram enviadas na segunda-feira (27), um dia depois das eleições, segundo a assessoria de imprensa da chanceler.
Hoje, Armin Laschet - o sucessor de Merkel na liderança da CDU - também deu os parabéns a Scholz, segundo fontes anônimas de seu partido.
Contudo, Laschet ainda deseja formar um governo, com o apoio do FDP e dos verdes.
Sob pressão
Desde as eleições, as críticas vêm crescendo entre os conservadores pela teimosia de Laschet em querer liderar uma coalizão, apesar de a união CDU-CSU apenas ter conseguido 24,1% dos votos, ficando em segundo lugar e com uma queda de quase nove pontos em relação ao pleito de 2017.
Merkel, por sua vez, tomou distância nesta quarta, um dia depois que o impopular Laschet foi, de certa maneira, abandonado por sus aliados do CSU.
"Olaf Scholz tem mais possibilidade de ser chanceler neste momento, claramente", disse o líder da CSU, Markus Söder.
Porém, Laschet, nascido na Renânia e conhecido por sua tenacidade, não quer ceder.
Nesta terça-feira (28), em uma reunião de seu grupo parlamentar, Laschet se desculpou pelo resultado eleitoral decepcionante, mas, ao mesmo tempo, reafirmou que "ninguém tinha o direito de se declarar como o principal ganhador" das eleições, segundo informaram diversos meios de comunicação alemães.
Contudo, o número de analistas que duvidam que ele possa aguentar muito mais tempo é cada vez maior.
"Não acredito que Armin Laschet sobreviva a esta semana", disse o vice-presidente do FDP, Wolfgang Kubicki. "A pressão está aumentando", frisou.
Por sua vez, os sociais-democratas reiteraram seu apelo para formar rapidamente uma coalizão com os Verdes e o FDP, que obtiveram 14,8% e 11,5% dos votos respectivamente.
Essas duas legendas "deveriam ser prudentes o suficiente para aceitar a nossa oferta de iniciar rapidamente as conversas exploratórias" para formar uma aliança, opinou Rolf Mützenich, que foi confirmado como líder do grupo parlamentar do SPD nesta quarta.
Superar as diferenças
Os líderes dos Verdes e do FDP, os partidos que terão mais influência na formação de um governo, se reuniram ontem, pela primeira vez desde as eleições, para identificar possíveis pontos de acordo, visando negociar posteriormente com a CDU ou, o mais provável, com o SPD.
A reunião foi imortalizada por uma selfie, publicada no Instagram, dos quatro participantes, os colíderes dos Verdes Robert Habeck e Annalena Baerbock, o líder do FDP Christian Linder e seu secretário-geral Volker Wissing.
A mensagem parece ser clara: eles acreditam que são capazes de "superar suas diferenças", especialmente em questões orçamentárias e fiscais.
Os liberais, no entanto, se opõem a qualquer restabelecimento do imposto sobre as grandes fortunas, que é defendido pelos Verdes e também pelo SPD.
Após esse primeiro contato oficial, Verdes e FDP farão outra reunião mais ampla nesta sexta-feira (1º), conforme anunciaram os dois partidos.
Já no próximo domingo (3), começarão as primeiras negociações com a união conservadora CDU-CSU e com o SPD.
Os liberais tentam não revelar suas preferências, apesar de que são ideologicamente mais próximos da centro-direita de Laschet.
Por outro lado, os Verdes de Annalena Baerbock falam abertamente sobre suas predileções. "Recebemos um contrato claro para a renovação de nosso país", disse hoje a líder do partido ambientalista, ao explicar que os Verdes estão priorizando as conversas com FDP e SPD.