Os Estados Unidos reabrirão suas fronteiras aos visitantes estrangeiros que estejam completamente vacinados contra a covid-19 a partir de 8 de novembro, encerrando uma proibição de mais de 18 meses que separou famílias, obstaculizou o turismo e tensionou os laços diplomáticos com dezenas de países.
O governo de Joe Biden anunciou a data esperada após prometer no mês passado levantar as restrições às viagens internacionais "no princípio de novembro".
"A nova política de viagens dos EUA, que exige vacinação para viajantes estrangeiros nos Estados Unidos, começará em 8 de novembro", anunciou no Twitter Kevin Muñoz, subsecretário de imprensa da Casa Branca.
"Este anúncio e esta data se aplicam a viagens aéreas internacionais e terrestres", escreveu.
Em março de 2020, para frear a propagação do coronavírus, Washington fechou as fronteiras aos viajantes procedentes da União Europeia, Reino Unido e China, e mais tarde adicionou à lista Índia e Brasil. Também proibiu a entrada por terra ou balsa a partir do México e Canadá.
As restrições afetaram centenas de milhões de pessoas e contribuíram para sofrimento pessoal e econômico provocado pela pandemia de covid-19.
A manutenção prolongada dessas medidas também causou tensões diplomáticas, que se agravaram em meados deste ano, quando a União Europeia reabriu suas fronteiras aos viajantes provenientes dos Estados Unidos, inclusive para os não vacinados.
A decisão de suspender as restrições está estritamente motivada por questões de saúde pública, assegurou Muñoz em seu tweet.
Seis vacinas
Ainda não são conhecidos todos os detalhes técnicos e práticos da nova política, como quais serão os requisitos para as crianças pequenas. Mas o governo Biden já deu algumas indicações.
Para os viajantes que chegam de avião, o governo dos Estados Unidos solicitará às companhias aéreas que estabeleçam um sistema de rastreamento de contatos e exigirá um teste de detecção do vírus três dias antes da partida.
Além disso, as autoridades sanitárias americanas disseram que todas as vacinas aprovadas pela agência de medicamentos do país, a FDA, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) seriam aceitas para a entrada por via aérea.
Até o momento, isso inclui as vacinas de AstraZeneca, Johnson & Johnson, Moderna, Pfizer/BioNTech, Sinopharm e Sinovac.
Para a entrada terrestre ou marítima, a Casa Branca anunciou esta semana que a suspensão das restrições seria feita em duas etapas.
A partir de 8 de novembro, poderão atravessar a fronteira do Canadá ou México as pessoas que viajam por motivos considerados "não essenciais", como familiares ou turísticos, desde que estejam vacinadas.
As pessoas que entram no país por motivos "essenciais", por exemplo, os caminhoneiros, estarão isentas.
Mas a partir de janeiro, a obrigação da vacina anticovid será aplicada a todos os visitantes que atravessarem as fronteiras terrestres, independente do motivo de entrada nos Estados Unidos.
O novo cronograma significa que as restrições fronteiriças terrestres, que expirarão em 21 de outubro, deverão ser prorrogadas mais uma vez antes que as novas regras entrem em vigor, informou um funcionário do governo Biden.
A Casa Branca também adiantou que as mesmas vacinas aceitas para as viagens por via área serão exigidas para o restante dos viajantes.
Já para os voos domésticos, não há exigência de vacinação contra a covid-19.
Impacto na América Latina
A nova política dos EUA animou muitos, mas também trouxe preocupação a outros tantos.
Vacinas como a russa Sputnik V e a chinesa CanSino ainda não receberam a aprovação da FDA nem da OMS, mas foram aplicadas em muitos países latino-americanos, entre os quais estão Argentina e México.
O México, inclusive, assinou ontem um acordo para produzir a Sputnik V no país, onde já são fabricados os imunizantes da CanSino.
Antes, o presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador pediu à OMS que aprovasse as vacinas que "já demonstraram eficácia" e "salvaram vidas", mas que ainda não contam com o sinal verde da organização.
Ademais, com a nova normativa será o fim do "turismo de vacinas" nos Estados Unidos.
A AFP entrevistou muitos visitantes de México, Honduras, Equador, El Salvador e Venezuela enquanto estes aguardavam suas doses nas praias de Miami ou na Estação Grand Central em Nova York, dada a escassez de imunizantes em seus países.
De acordo com um estudo da Universidade Anáhuac do México, entre março e maio de 2021, os mexicanos fizeram quase um milhão de viagens aos Estados Unidos para se vacinar.