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Rússia anuncia nova retirada de tropas da fronteira com Ucrânia; Ocidente mantém ceticismo

Desde terça-feira, as autoridades russas anunciam a retirada de parte dos militares e dos equipamentos estacionados na fronteira Rússia-Ucrânia e na Crimeia, uma península ucraniana anexada por Moscou

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AFP

Publicado em 17/02/2022 às 10:02
Tanque russo em Belarus - Maxim GUCHEK / BELTA / AFP

A Rússia anunciou nesta quinta-feira (17) que iniciou a retirada de mais tropas da fronteira com a Ucrânia, enquanto o governo dos Estados Unidos insiste que Moscou continua reforçando o contingente para uma possível invasão da ex-república soviética.

Desde terça-feira, as autoridades russas anunciam a retirada de parte dos militares e dos equipamentos estacionados na fronteira Rússia-Ucrânia e na Crimeia, uma península ucraniana anexada por Moscou.

Nesta quinta-feira, o ministério da Defesa russo afirmou que mais unidades estavam deixando a Crimeia e divulgou imagens de um trem militar com caminhões entrando na Rússia continental, depois de atravessar a ponte que cruza o estreito de Kerch.

Também informou a retirada de blindados e tanques, sem revelar de onde partiram e para onde seguem os equipamentos.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que o processo de retirada levará "tempo".

Na terça-feira, o presidente russo Vladimir Putin mencionou uma "retirada parcial", mas sem explicar o tamanho nem o calendário da mesma.

Os países ocidentais duvidam das intenções da Rússia e mantêm a suspeita de que pretende atacar a Ucrânia, alegando que não constataram nenhuma prova de desescalada.

Uma fonte da Casa Branca, que pediu anonimato, chegou a acusar o Kremlin de ter aumentado o número de tropas na fronteira ucraniana com mais 7.000 soldados.

A Otan "leva muito a sério" as ameaças que pesam sobre a Ucrânia, com o reforço das tropas russas em suas fronteiras, afirmou ministro britânico da Defesa, Ben Wallace.

"Nós observamos um aumento de tropas nas últimas 48 horas", incluindo a construção de uma ponte de Belarus até a Ucrânia ou perto da Ucrânia, destacou o britânico na sede da Aliança em Bruxelas, onde se reuniram os ministros da Defesa dos países da Otan.

Esta semana, o governo dos Estados Unidos fechou sua embaixada em Kiev, apesar dos apelos das autoridades ucranianas para que os ocidentais não espalhem o pânico.

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky afirmou que não viu nenhum indício de redução das tropas na fronteira e que foram observados apenas "pequenos rodízios".

Belarus anunciou que nenhum soldado da Rússia permanecerá em seu território ao final das manobras dos exércitos russo e bielorrusso, em 20 de fevereiro.

O presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, declarou, no entanto, que seu país estaria disposto a receber "armas nucleares" caso se considere ameaçado pelos países ocidentais.

A Rússia sempre negou a intenção de agredir a Ucrânia e seu ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, comentou com sarcasmo as denúncias de seus rivais geopolíticos ao receber nesta quinta-feira o colega italiano, Luigi di Maio. O chanceler de Moscou afirmou que a crise existe apenas "no espírito, na cabeça" dos governantes e da imprensa ocidentais.

As acusações de Washington irritam os ucranianos. Na localidade de Dobrianka, na fronteira com Belarus, alguns reclamam de manipulação.

"Eles falam que a Rússia ataca a Ucrânia. É mentira! É uma provocação", declarou a aposentada Nadezha Bronfilova.

"Os ucranianos poderiam começar algo e isso aconteceria por culpa dos americanos e dos britânicos, que trouxeram todas essas armas para cá", disse Lidia Silina, 87 anos, em sua cabana de madeira.

As entregas de armas ocidentais a Kiev aumentou com os temores de uma invasão, o que irritou a Rússia, que afirma que a Ucrânia poderia preparar uma ofensiva contra os separatistas armados do leste do país, apoiados pelo Kremlin.

No início da semana, o Kremlin e a Casa Branca se declararam dispostos a dialogar sobre a estrutura da segurança na Europa. A Rússia exige uma reforma total, alegando que a expansão da Otan para suas fronteiras representa uma ameaça.

O governo russo afirma que deseja negociar, mas lamenta que os ocidentais tenham rejeitado suas principais exigências: o fim da política de expansão da Otan e a proibição de uma eventual adesão da Ucrânia; o compromisso de não instalar armas de ataque perto do território russo e a retirada de suas infraestruturas do leste da Europa.

Os países ocidentais ofereceram uma negociação de temas como o controle de armamentos, as visitas de instalações sensíveis e um diálogo sobre os temores de Moscou em termos de segurança.

Lavrov afirmou que responderá nesta quinta-feira, por escrito, a estas propostas.

Putin se mostrou disposto a conversar, mas disse que sua reivindicações também devem estar sobre a mesa.

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