Tensão
EUA, Canadá, UE e Reino Unido anunciam expulsão de bancos russos do sistema Swift
As restrições ao banco Central visam US$ 600 bilhões (mais de R$ 1 trilhão) em reservas que o Kremlin tem à sua disposição
Os Estados Unidos, o Canadá a União Europeia e o Reino Unido concordaram neste sábado, 26 em bloquear bancos russos "selecionados" do sistema global de mensagens financeiras Swift e impor "medidas restritivas" ao
Banco Central da Rússia em retaliação à invasão da Ucrânia.
As medidas foram anunciadas conjuntamente como parte de uma nova rodada de sanções financeiras destinadas a "responsabilizar a Rússia e garantir coletivamente que esta guerra seja um fracasso estratégico para [o presidente russo Vladimir] Putin". As restrições ao banco Central visam US$ 600 bilhões (mais de R$ 1 trilhão) em reservas que o Kremlin tem à sua disposição.
"Isso garantirá que esses bancos sejam desconectados do sistema financeiro internacional e prejudiquem sua capacidade de operar globalmente", escreveram as nações em comunicado conjunto divulgado pela Casa Branca.
Porém, por se tratar de uma abordagem direcionada, ou seja, não implica toda a Rússia como deseja a Ucrânia, significa que o país, pelo menos por enquanto, ainda poderá colher receitas de suas vendas de gás para a Alemanha, Itália e outras potências europeias.
Até o início dos ataques militares russos na semana passada, a Alemanha e a Itália se opuseram à proibição geral de transações com a Rússia, que cortaria cerca de 40% da receita do governo russo. Mas nos últimos dias, sua postura começou a mudar.
Os aliados - criticados desde então por responderem muito fracamente à agressão da Rússia em 2014 - arquivaram a ideia. Desde então, a Rússia tentou desenvolver seu próprio sistema de transferências financeiras, com sucesso limitado.
Discussões tensas
No sábado, o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, anunciou que seu governo estava aprovando a transferência de armas antitanque para os militares ucranianos, encerrando sua insistência em fornecer apenas ajuda não letal, como capacetes.
Ao mesmo tempo, em um post no Twitter , a ministra das Relações Exteriores da Alemanha,
Annalena Baerbock, e seu ministro da Economia, Robert Habeck, reconheceram que o governo do país estava agora deixando de se opor à expulsão do Swift para favorecer uma proibição restrita. "Estamos trabalhando intensamente em como limitar os danos colaterais de uma desconexão do Swift para que atinja as pessoas certas", escreveram. "O que precisamos é de uma restrição direcionada e funcional do Swift."
Autoridades europeias disseram que estiveram em longas, e às vezes tensas, discussões com autoridades americanas e britânicas, que pressionavam por um corte assim que a invasão russa da Ucrânia começasse.
Mas até mesmo algumas autoridades americanas tinham reservas em cortar completamente a Rússia. Entre outras preocupações, eles temiam que isso pudesse fortalecer as alternativas ao sistema Swift que a Rússia e a China vêm desenvolvendo. Isso poderia, com o tempo, corroer a capacidade dos Estados Unidos de rastrear e controlar pagamentos.
Durante semanas, o governo Biden minimizou publicamente a ideia de cortar a Rússia do sistema, sugerindo que, embora todas as opções estejam na mesa, tal movimento poderia criar mais problemas do que resolveria.
Mas nos bastidores, autoridades americanas pressionavam os aliados europeus para dar algum tipo de indicação ao presidente Putin de que a Europa estava se movendo em direção a um maior isolamento econômico da Rússia, parte de uma política de contenção maior.
Na última sexta-feira, 25, a União Europeia votou um novo pacote de sanções, que mirou diretamente o presidente russo e seu chanceler Serguei Lavrov, mas havia deixado de fora a exclusão do Swift. COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS