GUERRA

Biden chama Putin de 'criminoso de guerra'; Rússia diz que declaração é 'imperdoável'

A Rússia reagiu quase que instantaneamente, qualificando de "inaceitável e imperdoável" as declarações de Biden

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AFP

Publicado em 16/03/2022 às 17:54 | Atualizado em 16/03/2022 às 21:19
CONFLITO. A Casa Branca relutou em declarar as ações de Putin como crimes de guerra devido à invasão à Ucrânia - MANDEL NGAN, MIKHAIL METZEL / AFP / SPUTNIK

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chamou nesta quarta-feira (16) o presidente da Rússia, Vladimir Putin, de "criminoso de guerra" pela violenta invasão da Ucrânia. Biden também anunciou mais US$ 800 milhões em ajuda militar à Ucrânia.

"Eu penso que ele é um criminoso de guerra", respondeu Biden a uma jornalista que o questionou na Casa Branca durante a saída de um evento dedicado à luta contra a violência doméstica.

A secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, disse que Biden estava "falando com o coração" depois de ver imagens na televisão de "ações bárbaras de um ditador brutal em sua invasão de um país estrangeiro".

Psaki detalhou que "um procedimento jurídico [estava] ainda em curso no Departamento de Estado" com respeito a uma qualificação legal de "crimes de guerra" cometidos pela Rússia na Ucrânia.

O Kremlin reagiu quase que instantaneamente, qualificando de "inaceitável e imperdoável" as declarações de Biden.

"Consideramos inaceitável e imperdoável semelhante retórica por parte de um chefe de Estado, cujas bombas mataram centenas de milhares de pessoas em todo o mundo", declarou o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, citado pelas agências TASS e Ria Novosti.

Até agora, nenhum funcionário americano tinha utilizado publicamente os termos "criminoso de guerra" ou "crimes de guerra", ao contrário de outros Estados e organizações internacionais.

O responsável pela política externa da União Europeia, Josep Borrell, por exemplo, classificou na semana passada de "atroz crime de guerra" o bombardeio russo de um complexo que abrigava uma maternidade e um hospital pediátrico em Mariupol, que deixou três mortos, entre eles uma criança, e 17 feridos.

"O que vimos do regime de Vladimir Putin com relação ao uso de munições lançadas sobre civis inocentes, isto já constitui, na minha opinião, um crime de guerra", assinalou o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, no dia 2 de março.

Por outro lado, o procurador-geral do Tribunal Penal Internacional (TPI), Karim Khan, que investiga denúncias de crimes de guerra na Ucrânia, visitou o país e falou por videoconferência com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, informou nesta quarta-feira a instituição.

Putin ordenou uma invasão em larga escala da Ucrânia há três semanas, dizendo que a Rússia quer forçar a desmilitarização do país vizinho e a derrubada do governo pró-ocidente.

As Forças Armadas da Ucrânia, que estão recebendo um enorme fluxo de armas dos países ocidentais, vêm resistindo e conseguindo frear, em grande medida, o avanço russo. Com isso, as tropas russas têm recorrido cada vez mais aos bombardeios sobre áreas civis.

Mais de três milhões de pessoas já fugiram da Ucrânia desde o começo da invasão, segundo a agência de migração das Nações Unidas, a OIM.

Ajuda militar à Ucrânia

Biden também confirmou uma ajuda militar adicional de US$ 800 milhões à Ucrânia, fechando um pacote "sem precedentes" de US$ 1 bilhão em uma semana para ajudar os militares ucranianos contra a invasão russa.

"A pedido" do presidente ucraniano Volodimir Zelenski em um discurso por videoconferência ao Congresso dos EUA pela manhã, o presidente Biden assinou diante das câmeras o texto que permite essa ajuda.

O montante inclui US$ 200 milhões aprovados no fim de semana e US$ 800 milhões em novos fundos de um pacote aprovado pelo Congresso na semana passada.

Como esperado, Biden não atendeu seu pedido para estabelecer uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia porque para Washington isso levaria a um confronto direto com a Rússia e, como já disse antes, a uma "Terceira Guerra Mundial".

O presidente americano prometeu que permitiria que o exército ucraniano se equipasse de forma mais eficaz, ajudando-o a obter sistemas de defesa antiaérea de "maior alcance", conforme solicitado por Kiev.

Gregory Meeks, presidente do Comitê de Relações Exteriores da Câmara, esclareceu à CNN que trata-se do "S-300", sistemas russos de mísseis terra-ar, que podem ser enviados à Ucrânia por outros países membros da Otan.

A Ucrânia também receberá 800 sistemas de defesa aérea "Stinger", 9.000 sistemas antitanque, cerca de 7.000 armas leves (rifles, armas automáticas, pistolas, etc.) e 20 milhões de munições.

Os Estados Unidos também doarão 100 drones, o que, segundo o presidente americano, “ilustra seu compromisso de equipar a Ucrânia com os sistemas mais avançados para sua defesa”.

Biden descreveu o presidente russo Vladimir Putin como um "autocrata" que, através da Ucrânia, ataca "a vontade humana de ser livre" e garantiu que "os Estados Unidos estão com as forças da liberdade".

O presidente russo "inflige uma destruição atroz à Ucrânia, ataca prédios residenciais, maternidades, hospitais. É terrível", disse ele.

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