O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, afirmou que viu sinais "positivos" nas negociações de Istambul, mas garantiu que seu país não reduziria seus "esforços de defesa" diante da invasão russa.
O Estado-Maior ucraniano advertiu em um comunicado nesta terça-feira à noite que "a chamada 'retirada de tropas' é provavelmente uma rotação de unidades individuais que busca confundir o comando militar" de Kiev.
- Ceticismo ocidental -
Em uma conversa telefônica, os chefes de Estado e de governo do Reino Unido, Estados Unidos, França, Alemanha e Itália pediram a seus aliados para não baixar a guarda.
Boris Johnson (Reino Unido), Joe Biden (EUA), Emmanuel Macron (França), Olaf Scholz (Alemanha) e Mario Draghi (Itália) "afirmaram sua determinação de continuar elevando os custos para a Rússia por seus ataques brutais na Ucrânia, assim como de continuar oferecendo à Ucrânia assistência em matéria de segurança para se defender", diz um comunicado conjunto desses países.
"Veremos se [os russos] vão cumprir", declarou Biden aos jornalistas.
O Pentágono indicou que alguns contingentes russos "parecem estar se distanciando de Kiev", sem que isso possa ser chamado de "um retrocesso ou uma retirada".
"Acreditamos que o que eles [os russos] provavelmente têm em mente é um reposicionamento para priorizar outros lugares", disse o porta-voz do Departamento de Defesa dos EUA.
As bolsas se mostraram menos céticas e operaram com ganhos importantes.
- Doze mortos em Mykolaiv -
Muitas regiões continuam sendo palco de bombardeios e combates. O governo anunciou que doze pessoas morreram e 33 ficaram feridas por um bombardeio russo contra um edifício do governo regional em Mykolaiv, uma cidade portuária do sul.
A Ucrânia afirma ter recuperado território nos últimos dias, incluída a cidade de Irpin, nos arredores de Kiev. Também retomaram as evacuações de áreas do sul assediadas pelas forças russas.
Desde o início do conflito, Putin exige a "desmilitarização e desnazificação da Ucrânia", assim como a imposição de um status de neutralidade para o país e o reconhecimento de que o Donbass, a região separatista pró-Rússia no leste da Ucrânia, e a península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, já não fazem parte da Ucrânia.
Em resposta às sanções ocidentais, a Rússia afirmou sua determinação de exigir o pagamento em rublos do gás distribuído para a União Europeia (UE).
Moscou também anunciou que expulsaria dez diplomatas de Estônia, Letônia e Lituânia, em represália à expulsão de diplomatas russos.
Mas a escalada de expulsões continuou nesta terça-feira: a Bélgica anunciou que decidiu expulsar 21 diplomatas russos suspeitos de espionagem, a Holanda 17, a Irlanda quatro e a República Tcheca um.
- Putin condiciona evacuação de Mariupol -
As forças russas cercaram essa cidade e a bombardeiam de maneira constante e indiscriminada, deixando cerca de 160.000 pessoas presas com pouca comida, água e remédios.
O presidente russo, Vladimir Putin, subordinou a "solução" da situação humanitária em Mariupol o desarmamento dos grupos "nacionalistas" ucranianos, durante uma conversa telefônica com seu homólogo francês, Emmanuel Macron, informou o Kremlin.
A França, que na semana passada anunciou sua intenção de organizar junto com a Turquia e a Grécia uma operação humanitária para evacuar os civis, estimou nesta terça-feira que as condições para a sua realização "não estão presentes no momento".
Zelensky disse que o assédio russo de Mariupol constituía um "crime contra a humanidade, que está ocorrendo ao vivo diante dos olhos do mundo".
- ONU visita instalações nucleares -
A procuradora-geral da Ucrânia, Iryna Venediktova, disse na segunda-feira que havia provas de que as forças russas usaram bombas de fragmentação proibidas em Odessa e Kherson, no sul.
Biden expressou sua "indignação moral" pelo desenvolvimento da guerra e, no último fim de semana, chegou a sugerir que Putin "não pode continuar no poder", mas depois negou que busque uma mudança de governo.
O conflito também gerou temores sobre a segurança nuclear depois que a Rússia tomou várias instalações, entre elas a antiga usina de Chernobyl, onde aconteceu o pior desastre nuclear do mundo, em 1986.
O chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o argentino Rafael Grossi, visitou a Ucrânia nesta terça-feira (29) para falar da "segurança e proteção" das instalações nucleares do país.