Azovstal

Quase 100 civis retirados de siderúrgica na cidade ucraniana de Mariupol

Área industrial de Azovstal é o último reduto de resistência ucraniana na cidade portuária de Mariupol, sul do país, que é controlada pela Rússia

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Ana Maria Miranda

Publicado em 01/05/2022 às 14:44
Mariupol, na Ucrânia, tem sido bombardeada pela Rússia - Satellite image ©2022 Maxar Technologies / AFP

Da AFP

Quase 100 civis foram retirados do complexo siderúrgico de Azovstal, reduto das últimas forças ucranianas na cidade de Mariupol, anunciou neste domingo o presidente Volodymyr Zelensky.

O anúncio aconteceu depois que a ONU confirmou que uma "operação de retirada estava em curso" em Azovstal, em coordenação com a Cruz Vermelha, as tropas russas e as forças ucranianas, sem revelar mais detalhes.

A área industrial de Azovstal é o último reduto de resistência ucraniana na cidade portuária de Mariupol, sul do país, que é controlada pela Rússia.

As condições de vida na rede de túneis sob a siderúrgica, onde analistas acreditam que centenas de civis permanecem ao lado de combatentes ucranianos, foram descritas como brutais. Os esforços anteriores para a retirada de civis haviam fracassado.

"Começou a retirada de civis de Azovstal. O primeiro grupo de quase 100 civis já está a caminho de uma área controlada. Amanhã nos reuniremos com eles em Zaporizhzhia", escreveu Zelensky em sua conta no Twitter.

O ministério russo da Defesa informou que 46 civis saíram do local no sábado em dois grupos.

O destino dos civis desta cidade estratégica concentra as atenções dos líderes mundiais.

"Meus pensamentos estão com a cidade ucraniana de Mariupol, cidade de Maria, bombardeada e destruída de forma bárbara. Eu reitero meu pedido de abertura de corredores humanitários seguros", declarou o papa Francisco neste domingo durante a oração do Angelus na Praça de São Pedro do Vaticano.

Imagens de satélite da empresa americana Maxar, registradas na sexta-feira, mostram a devastação em Mariupol, com Azovstal praticamente destruída.

A invasão iniciada pela Rússia em 24 de fevereiro deixou milhares de mortos e milhões de deslocados. Os países ocidentais e seus aliados se mobilizaram para entregar ajuda bélica à Ucrânia e adotaram duras sanções contra a Rússia.

"Não se deixem intimidar por 'bullies'", afirmou a presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, em uma entrevista na Polônia depois de visitar a Ucrânia no sábado, onde se encontrou com o presidente Zelensky.

Pelosi - que ocupa o terceiro cargo de representação mais importante dos Estados Unidos, depois do presidente e da vice-presidente - expressou a solidariedade "inequívoca" de seu país com a Ucrânia.

"O governo dos Estados Unidos é um líder no sólido apoio à Ucrânia na luta contra a agressão russa", tuitou o presidente ucraniano em uma mensagem que inclui um vídeo que o mostra no momento em que recebeu Pelosi e a delegação do Congresso na entrada da sede da presidência em Kiev.

Zelensky celebrou os "sinais muito importantes" apresentados pelos Estados Unidos e o presidente Joe Biden, que pediu na quinta-feira ao Congresso 33 bilhões de dólares adicionais para a Ucrânia, dos quais US$ 20 bilhões serão destinados a armamento, quase sete vezes mais do que a quantidade de armas e munições já fornecidas à Ucrânia desde o início da invasão russa.

Neste sentido, Pelosi prometeu que vai trabalhar para a aprovação da proposta de Biden.

O conflito está concentrado no leste e no sul da Ucrânia, embora os bombardeios russos continuem em todo o país, principalmente com o objetivo de destruir infraestruturas e vias de abastecimento.

Para os russos a conquista total da cidade portuária de Mariupol permitiria unir os territórios conquistados no sul, em particular a península da Crimeia, anexada em 2014, com as repúblicas separatistas pró-Rússia de Donetsk e Lugansk ao leste.

E é justamente no flanco leste que o exército russo, numericamente superior ao adversário ucraniano e com melhores equipamentos de artilharia, busca o controle, do norte e do sul, para completar seu domínio sobre o Donbass.

Zelensky alertou no sábado que os russos "acumularam reforços na região de Kharkiv, tentando aumentar a pressão no Donbass"

Esta é a segunda fase do que a Rússia chama de "operação militar especial", após a retirada das tropas de Moscou do norte da Ucrânia e da região de Kiev.

Um comandante militar ucraniano relatou ao chefe do Estado-Maior conjunto dos Estados Unidos, Mark Milley, sobre a "situação difícil no leste, particularmente nas áreas de Izium e Sieverodonetsk, onde o inimigo concentrou esforços máximos".

Kharkiv foi cenário de muitos bombardeios no sábado.

Mas as forças ucranianas também reconquistaram territórios nos últimos dias, em particular ao redor da cidade de Kharkiv.

Uma das áreas recuperadas foi o vilarejo de Ruska Lozova, que de acordo com os moradores permaneceu sob ocupação por dois meses.

Nas áreas controladas pela Rússia, Moscou busca estabelecer o domínio e neste domingo introduziu o rublo como moeda na região de Kherson, embora também permita o pagamento com a moeda ucraniana.

"A partir de 1º de maio, vamos integrar a zona do rublo", disse Kirill Stremousov, que governa Kherson, segundo a agência estatal russa RIA Novosti.

Ele anunciou um um período de quatro meses durante o qual a moeda ucraniana poderá ser utilizada, mas depois disso acontecerá uma mudança completa para o rublo.

A Ucrânia reconheceu que as forças russas capturaram várias cidades na região do Donbass e pede ao Ocidente mais ajuda militar para reforçar suas defesas.

Uma área do ministério da Defesa russo na região de Belgorod, perto da fronteira com a Ucrânia, sofreu um incêndio, que deixou um ferido, segundo o governo local.

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