Ucrânia

Rússia e Ucrânia trocam acusações de bombardeios contra maior central nuclear da Europa

Os dois países trocam acusações sobre ataques contra a usina Zaporizhzhia, localizada no sul da Ucrânia e que caiu nas mãos russas no início de março

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Amanda Azevedo

Publicado em 08/08/2022 às 23:42 | Atualizado em 08/08/2022 às 23:44
PAVOR Central nuclear de Zaporizhzhia está sendo bastante monitorada - ANDREY BORODULIN / AFP

Moscou acusou nesta segunda-feira (8) as forças ucranianas de bombardear a maior usina nuclear da Europa, Zaporizhzhia, que é controlada pelo exército russo, enquanto prosseguem as saídas de navios carregados de cereais, cruciais para a segurança alimentar mundial.

Rússia e Ucrânia trocam acusações desde sexta-feira sobre ataques contra a usina localizada no sul da Ucrânia e que caiu nas mãos russas no início de março. Nenhuma fonte independente conseguiu confirmar as informações.

O bombardeio da usina de Zaporizhzhia "pelas Forças Armadas ucranianas" é "potencialmente extremamente perigoso" e "pode ter consequências catastróficas para uma vasta área, inclusive para o território europeu", comentou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

O ministério da Defesa russo disse que o último ataque, durante a madrugada de sábado para domingo, danificou uma linha de alta tensão que fornece energia elétrica para duas regiões ucranianas.

"O mundo não deve esquecer Chernobyl. A catástrofe de Chernobyl foi pela explosão de um reator, e a usina de Zaporizhzhia tem seis deles", declarou o presidente ucraniano, Volodmir Zelensky, em seu pronunciamento diário por vídeo.

Central nuclear de Zaporizhzhia - ANDREY BORODULIN / AFP

Na véspera, Zelensky chamou a Rússia de "Estado terrorista" após o bombardeio.

- "Zona desmilitarizada" -

O presidente da agência nuclear ucraniana Energoatom, Petro Kotin, pediu nesta segunda-feira que os ocupantes russos sejam desalojados e uma "zona desmilitarizada" seja estabelecida na área da usina.

"Deve haver uma missão de paz que também inclua especialistas da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) e outras organizações de segurança", afirmou em um vídeo postado no Telegram.

Após o ataque de sexta-feira, um dos reatores precisou ser desligado.

"Qualquer ataque a usinas nucleares é suicídio", alertou o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, nesta segunda-feira em Tóquio.

"Espero que os ataques terminem. Ao mesmo tempo, espero que a AIEA consiga ter acesso à usina", acrescentou.

- Navio deixa Pivdenny -

No âmbito agrícola, como parte das operações regulares para abastecer os mercados iniciadas na semana passada, um navio carregado com 60.000 toneladas de grãos partiu nesta segunda-feira de Pivdenny, um dos três portos ucranianos do Mar Negro.

Nesta segunda-feira, o cargueiro "Polarnet", que zarpou de Chornomorsk na sexta-feira transportando 12.000 toneladas de milho, chegou à Turquia. A chega de outro navio, que atracaria no Líbano no domingo, atrasou.

"Nas próximas duas semanas, esperamos atingir um ritmo de três a cinco navios por dia", informou o ministério de Infraestruturas da Ucrânia.

Cerca de 20 milhões de toneladas de grãos estavam bloqueadas nos portos da região de Odessa em função da presença de navios de guerra russos e de minas posicionadas por Kiev para defender sua costa.

A suspensão das exportações provocou a disparada dos preços dos alimentos nos países mais pobres e gerou temores de uma crise alimentar global.

Banco Mundial anunciou ajuda adicional de US$ 4,5 bilhões para a Ucrânia

O Banco Mundial anunciou uma ajuda adicional de US$ 4,5 bilhões para a Ucrânia, com recursos fornecidos pelos Estados Unidos, para atender às "necessidades urgentes criadas pela guerra".

O Pentágono detalhou um novo pacote de ajuda militar no valor de US$ 1 bilhão, que inclui mísseis para os sistemas de artilharia de precisão Himars, "para ajudar os ucranianos a se defenderem da ofensiva russa no leste e para se adaptarem aos desenvolvimentos atuais no sul e em outros lugares", declarou o número três do Pentágono, Colin Kahl.

Este tipo de míssil caiu sobre as forças russas em Melitopol (norte da Crimeia) na madrugada desta segunda-feira, de acordo com o prefeito da cidade, Ivan Fedorov.

De acordo com um funcionário do Pentágono, Moscou já teria perdido 80 mil soldados entre mortos e feridos, e entre 3.000 e 4.000 veículos blindados.

A Rússia anunciou que está suspendendo as inspeções planejadas dos Estados Unidos em instalações militares estipuladas pelo tratado New START, um acordo estratégico entre as duas potências para limitar os arsenais nucleares.

"A Federação Russa se vê obrigada a recorrer a esta medida (...) devido a realidades existentes que criam vantagens unilaterais para os Estados Unidos e que privam a Rússia do seu direito de realizar inspeções em território norte-americano", disse o comunicado da diplomacia russa.

Em Zaporizhzhia, as autoridades indicadas por Moscou anunciaram que iniciaram oficialmente os preparativos para a realização de um referendo sobre a anexação da região à Rússia.

Os serviços de inteligência ucranianos disseram nesta segunda-feira que prenderam agentes russos que planejavam assassinar o ministro da Defesa, Oleksii Reznikov, e o chefe de inteligência do Exército, Kirilo Budanov.

E um tribunal ucraniano condenou um sargento russo a 10 anos de prisão por atirar contra um prédio residencial, informaram os serviços de segurança ucranianos.

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