Geopolítica

Lula não terá gestão fácil na presidência do G20, que vive tempos de hostilidade entre os países, acredita especialista

O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, passará a presidência do G20 para Lula no domingo (10). O mandato do Brasil vai vigorar por um ano e o grande momento será uma cúpula de líderes do bloco em novembro de 2024, no Rio de Janeiro

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Adriana Guarda

Publicado em 08/09/2023 às 17:50 | Atualizado em 08/09/2023 às 17:53
Cúpula na Índia, em 2022, não teve foto dos chefes de Estado nem carta conjunta do encontro, numa demonstração de que o clima não foi bom na reunião do G20 em 2022
Cúpula na Índia, em 2022, não teve foto dos chefes de Estado nem carta conjunta do encontro, numa demonstração de que o clima não foi bom na reunião do G20 em 2022 - Divulgação G20

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarcou em Nova Délhi (Índia), na tarde desta sexta-feira (8), para participar da reunião de líderes do G20, grupo formado pelas maiores economias do mundo. O momento é especial para o Brasil, porque o Chefe do Executivo assumirá a presidência do bloco. 

O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, passará a presidência do G20 para Lula no domingo (10). O mandato do Brasil vai vigorar por um ano e o grande momento será uma cúpula de líderes do bloco em novembro de 2024, no Rio de Janeiro. Apesar da oportunidade impotante para o País, o momento do bloco não é dos melhores, diante da guerra Rússia-Ucrânia, da rivalidade entre China e Índia e do clima hostil que pairou na cúpula do bloco na Índia, em 2022. 

Em entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal, o professor especialista em geopolítica, João Correia, comenta a visibilidade que a predidência do G20 garante ao Brasil, mas também os desafios que o presidente Lula deverá enfrentar. "O Brasil assume no momento mais difícil do G20. A última reunião do ano passado foi horrível: não teve uma carta final e nem aquela tradicional foto com os chefes de Estado", observa.

O especialista também explica que a presiência do G20 tem um papel mais representativo do que decisório. "A presidência do bloco é algo simbólico, porque a agenda não é criada apenas pelo presidente. Ela é formatada de acordo com os países, que podem ou não  participar. Agora é verdade que Lula, enquanto presidente do G20, pode sim resgatar a questão dos debates do conflito entre Rússia Ucrânia, por exemplo", diz Correia.

CONFLITOS E ESVAZIAMENTO

A expectativa é que o clima de hostilidade de mantenha este ano na reunião do G20 na Índia. O anúncio do Brasil na presidência do bloco será um dos poucos acenos positivos do encontro. Mais uma vez a cúpula deverá ser marcada pela falta de consensos e esvaziada pelas ausências do dirigente chinês, Xi Jinping, e do presidente russo, Vladimir Putin. 

A Guerra da Rússia-Ucrânia e a rivalidade entre China e Índia marcaram todas as reuniões do foro multilateral. Um termômetro de que a reunião da cúpula será tensa, foram os encontros preparatórios para a reunião, ocasião em que os negociadores não conseguiram chegar a nenhum consenso. 

Pela programação, Lula fará três discursos durante a cúpula, que acontecerá durante todo o fim de semana. O prsidente brasileiro dará com ênfase ao meio ambiente, a paz entre Rússia e Ucrânia, a maior participação das nações em desenvolvimento em órgãos como o Conselho de Segurança, a redução das desigualdades e o combate à fome. 

"Independente de que Lula, Bolsonaro ou Fernando Henrique estejam no cargo (de presidente), vejo o Brasil com condições de estabelecer a vanguarda no processo de paz entre Rússia e Ucrânia. Seria muita emoção a gente pensar assim", analisa Correia.

CÚPULA NO BRASIL

Apesar do cenário de conflitos, o Brasil tentará manter a relevância no G20. Sob sua presidência, Brasília prepara em 2024 uma programação ambiciosa em 15 cidades, que culminará na cúpula no Rio de Janeiro, em 18 e 19 de novembro do próximo ano. O governo brasileiro quer fazer da presidência no G20 a consolidação da volta do País ao cenário internacional após a gestão de Jair Bolsonaro.

A ideia é usar as reuniões preparatórias e paralelas ao longo de 2024 para pavimentar prioridades como proteção ambiental com desenvolvimento econômico, combate à pobreza, empoderamento das mulheres e reforma de instituições multilaterais como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial.

Acompanhe quais são os países que integram o bloco do G20 - Reprodução G20

SOBRE O G20 

O G20 foi fundado em 1999 e no início era restrito a ministros da Economia dos países-membros, mas depois foi promovido a cúpula anual de chefes de Estado e de governo em 2008, após a crise financeira. O bloco é integrado por 19 países (Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, República da Coreia, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Türkiye, Reino Unido e Estados Unidos) e a União Europeia. 

 

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