Da AFP
Hunter Biden, filho do presidente americano, Joe Biden, foi indiciado, nesta quinta-feira (14), pela compra de uma arma de fogo cinco anos atrás, numa época em que ele era usuário frequente de drogas, como admitiu.
Hunter Biden é alvo de duas acusações de falso testemunho por ter informado em formulários que não estava usando drogas ilegalmente na época em que comprou um revólver Colt em Delaware, no nordeste do país. Segundo uma terceira acusação, baseada nas declarações falsas, ele teria adquirido ilegalmente a arma, o que pode resultar em uma pena de até 10 anos de prisão.
As acusações foram formalizadas pelo Conselheiro Especial do Departamento de Justiça David Weiss, que investigava Hunter desde 2018. O filho do presidente pode receber a pena máxima de 25 anos de prisão se for condenado.
A acusação de hoje por posse ilegal de arma “é o único crime cometido por Hunter Biden que não envolve Joe Biden, o crápula", reagiu o ex-presidente americano Donald Trump em sua plataforma, Truth Social, usando um de seus adjetivos preferidos para se referir ao presidente democrata.
Os republicanos anunciaram nesta semana que irão abrir uma investigação para o impeachment de Biden devido às questões polêmicas envolvendo seu filho, acusando o democrata de alimentar uma “cultura da corrupção”. A Casa Branca denunciou o que chamou de recurso "à pior manobra política extrema".
Rompimento de acordo
O indiciamento acontece dois meses após o rompimento de um acordo alcançado com a Justiça envolvendo as acusações de posse de arma e outras sobre ilícitos fiscais, diante da possibilidade de que o filho do presidente pudesse ser alvo de novas acusações.
Conforme aquele acordo, Hunter havia aceitado sua culpabilidade em duas acusações menores sobre questões fiscais. Em contrapartida, ele permaneceria em liberdade condicional após constatação de que, desde então, ele já havia quitado o que era devido ao erário, bem como as multas correspondentes.
Dentro do mesmo acordo, Weiss havia aceitado retirar a acusação vinculada à posse de arma se Hunter aceitasse submeter-se a sessões de aconselhamento ou reabilitação. Contudo, em uma reviravolta dramática, o acordo foi desfeito durante uma audiência em 26 de julho por causa da possibilidade de que o mesmo conferisse imunidade ao filho do presidente contra outras casos investigados por Weiss, incluindo os negócios de Hunter na Ucrânia e na China.
O juiz mencionou a possibilidade de Hunter Biden ser indiciado por fazer lobby junto a governos estrangeiros sem estar registrado para isso no Departamento de Justiça.
Três semanas mais tarde, e após o cancelamento do acordo, Weiss retirou as acusações pelas irregularidades fiscais e antecipou em uma decisão que outros estados apresentariam outras acusações contra o investigado. Além disso, anunciou que o indiciamento por compra ilegal de arma seria apresentado em meados de setembro.
Apoio paterno
“As acusações de hoje contra Hunter Biden são apenas um começo, mas, a menos que o promotor Weiss investigue todos os envolvidos nos casos de fraude e tráfico de influência, ficará claro que o Departamento de Justiça do presidente Biden protege Hunter e o chefão”, publicou no X, antigo Twitter, o congressista republicano James Comer.
O presidente sempre afirmou que está ao lado do filho em seus reveses pessoais e legais. "Nunca me abandonou, ignorou ou julgou", declarou certa vez Hunter Biden, sobre seu pai.
Após sofrer por muito tempo com o vício em drogas e álcool, Hunter afirma que não usa nada desde 2019. Seus problemas com a Justiça têm lançado uma sombra sobre a campanha de reeleição de seu pai.