ELEIÇÕES NOS EUA

Biden diz em entrevista que se sentia mal durante debate com Trump

Biden ressaltou que a forma como transcorreu o debate foi culpa sua "e de mais ninguém", e acrescentou que seu adversário republicano mentiu 28 vezes

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AFP

Publicado em 05/07/2024 às 20:53
Biden tem travado uma disputa interna no partido para garantir a manutenção de sua candidatura - SAUL LOEB / AFP

"Eu estava doente, me sentia péssimo", disse o presidente americano, Joe Biden, em entrevista à rede de TV ABC, ao justificar sua atuação no primeiro debate eleitoral contra Donald Trump. Um primeiro trecho da entrevista foi divulgado nesta sexta-feira (5).

"Estávamos tentando identificar o que havia de errado. Fizeram um teste para verificar se eu estava com alguma infecção, você sabe, um vírus. Estava apenas com um resfriado muito forte", explicou o presidente democrata, 81, acrescentando que estava exausto.

O jornalista George Stephanopoulos perguntou se Biden havia assistido à gravação dos 90 minutos de debate, e o presidente respondeu: "Acho que não."

Biden ressaltou que a forma como transcorreu o debate foi culpa sua "e de mais ninguém", e acrescentou que seu adversário republicano mentiu 28 vezes. "Tive uma noite ruim", concluiu.

CANDIDATURA MANTIDA

"Sou candidato e vou vencer novamente", disse Joe Biden durante um comício nesta sexta-feira (5) em Wisconsin, um estado-chave no norte dos Estados Unidos, antes da entrevista.

"Há pessoas que não se importam com o seu voto" nas primárias, que ele ganhou por uma maioria avassaladora, disse o presidente dos Estados Unidos aos seus seguidores. "Deixe-me ser claro: sigo na corrida. Vou derrotar Donald Trump" nas eleições de novembro, insistiu para milhares de apoiadores, segundo sua equipe de campanha.

O democrata de 81 anos está lutando pela sua sobrevivência política desde o péssimo desempenho em um debate contra seu antecessor republicano de 78 anos, durante o qual ele se mostrou confuso e até divagou.

Um Biden completamente diferente, combativo e determinado, tentou nesta sexta-feira responder frontalmente às preocupações sobre sua idade, mas o fez com a ajuda de um teleprompter.

"Acham que sou muito velho para vencer Donald Trump?", perguntou, recebendo uma resposta enfática de "Não!" do público.

O democrata, que saiu do palco ao som de uma canção intitulada "Não Darei um Passo Atrás", também destacou os tropeços de seu rival, cuja idade e agilidade mental despertam menos preocupações entre a opinião pública.

"Se você se pergunta se Trump está em seu juízo perfeito, já ouviu como ele explicou o 4 de julho quando era presidente?", apontou Biden, referindo-se ao Dia da Independência dos EUA, declarada em 4 de julho de 1776.

Segundo ele, Trump afirmou que a vitória foi possível devido à tomada de aeroportos, obviamente inexistentes naquela época.

"É verdade, ele é um gênio completamente estável", zombou o presidente americano, empregando uma expressão que seu rival usou para elogiar sua própria inteligência.

"O que está em jogo nestas eleições é nossa liberdade. É nossa democracia. É a própria alma dos Estados Unidos. Vocês estão dispostos a lutar por isso? Sei que estão", proclamou Biden novamente.

Atrás dele, entre o público, um espectador segurava um cartaz que dizia: "Passe o bastão, Joe".

Um dos assessores mais próximos de Trump, Jason Miller, respondeu no X com ironia ao comício: "Sua equipe deveria ter dado a mesma dose [de medicamentos] durante o debate".

DESAFIO DE BIDEN

O candidato democrata ainda tem muito trabalho pela frente para apagar a desastrosa impressão deixada pelo debate com Trump, cujas repercussões imediatas ele não soube gerenciar.

Como resultado, cresceu a preocupação com sua capacidade mental dentro do Partido Democrata, e algumas vozes pediram que ele ceda lugar a outro candidato.

A mais recente foi a governadora de Massachusetts. "Nestes próximos dias, peço que ouça o povo americano e consider cuidadosamente se ainda é nossa melhor esperança para derrotar Donald Trump", escreveu a democrata Maura Healey em um comunicado.

A equipe de campanha de Biden intensifica seus esforços. Nesta sexta-feira, lançou um intenso plano de batalha para julho, que inclui um bombardeio de anúncios televisivos e visitas a todos os estados-chave, especialmente no sudoeste do país durante a convenção republicana, de 15 a 18 de julho.

Biden também será o anfitrião de uma cúpula de líderes da Otan na próxima semana e aproveitará para realizar uma coletiva de imprensa, que será cuidadosamente examinada. A coletiva ocorrerá na quinta-feira, informou um funcionário americano que pediu para não ser identificado.

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