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França nega que prisão de fundador do Telegram seja 'decisão política'

Fontes próximas ao caso afirmam que o bilionário de 39 anos, Pavel Durov, é suspeito de não tomar medidas para impedir o uso criminoso da plataforma

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AFP

Publicado em 26/08/2024 às 21:03
França nega que prisão de fundador do Telegram seja 'decisão política' - KIRILL KUDRYAVTSEV / AFP

O presidente da França, Emmanuel Macron, negou, nesta segunda-feira (26), que a detenção do fundador do serviço de mensagens criptografadas Telegram, Pavel Durov, seja "política", enquanto o magnata de origem russa continua sob custódia policial desde que foi preso no sábado (24).

A prisão de Durov, após sua chegada no aeroporto de Le Bourget, nos arredores de Paris, levantou várias questões sobre o momento e as circunstâncias em que ocorreu.

Fontes próximas ao caso afirmam que o bilionário de 39 anos é suspeito de não tomar medidas para impedir o uso criminoso da plataforma Telegram, que tem mais de 900 milhões de usuários.

Durov, nascido em 1984 em uma família de acadêmicos na atual São Petersburgo, passou a infância na Itália antes de criar a maior rede social russa, VKontakte (VK) e, posteriormente, o Telegram.

Em uma mensagem na rede social X, Macron criticou as "informações falsas" sobre o papel da França na detenção de Durov, que deixou a Rússia há uma década, e disse que a prisão "ocorreu no âmbito de uma investigação judicial em andamento".

"Não é uma decisão política. Cabe aos juízes decidir", escreveu o chefe de Estado francês, em um raro comentário nas redes sociais sobre um caso judicial ainda em aberto.

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O juiz encarregado da investigação estendeu a prisão preventiva até quarta-feira, de acordo com outra fonte próxima do caso.

Ao final dessa fase, o magistrado decidirá se libera Durov — cuja fortuna é estimada em 15,5 bilhões de dólares (R$ 95 bilhões) pela revista Forbes — ou se aceita as acusações e decreta prisão.

Seu segurança e seu assistente, que o acompanhavam e também foram detidos no sábado, foram liberados após terem sido interrogados, segundo outra fonte.

O magnata, que passou os últimos anos morando em Dubai e também possui passaporte francês, chegou a Paris vindo de Baku, no Azerbaijão, e tinha planos de jantar na capital francesa, segundo fontes próximas ao caso.

O presidente russo, Vladimir Putin, também esteve na capital do Azerbaijão nos dias 18 e 19 de agosto, mas o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, negou que ambos tenham se encontrado.

Nada a esconder

A agência francesa de prevenção da violência contra menores, OFMIN, havia emitido um mandado de prisão contra Durov no âmbito de uma investigação sobre vários crimes, incluindo fraude, tráfico de drogas, assédio cibernético, crime organizado e promoção de terrorismo, conforme outra fonte.

Durov está sendo investigado por não ter tomado medidas para conter o uso criminoso de sua plataforma. No entanto, o Telegram respondeu que o executivo "não tem nada a esconder e viaja frequentemente para a Europa".

"O Telegram cumpre as leis da União Europeia, incluindo a Lei de Serviços Digitais [...] É absurdo afirmar que uma plataforma ou seu proprietário são responsáveis pelos abusos", afirmou a empresa.

O Telegram se posicionou como uma alternativa às plataformas de mensagens dos EUA, criticadas por explorar comercialmente os dados pessoais dos usuários.

O aplicativo também desempenha um papel crucial na guerra na Ucrânia após a invasão russa e é usado ativamente por políticos e observadores de ambos os lados.

Mas seus críticos a acusam de abrigar conteúdos ilegais, desde imagens sexuais extremas até desinformação, passando por serviços de compra de drogas.

Peskov afirmou que Moscou não havia recebido informações da França sobre os motivos da prisão de Durov.

Elon Musk, dono da rede social X, publicou a hashtag #FreePavel em sua plataforma e provocou com o seguinte comentário em francês: "Liberdade! Liberdade! Liberdade?"

Macron assegurou que seu país "é fiel à liberdade de expressão e de comunicação" e que cabe à Justiça "cumprir a lei, com total independência".

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