Durante sua história evolutiva, a humanidade desenvolveu vários caminhos e métodos para obter e expressar conhecimento a respeito do eu e do mundo, incluindo filosofia, ciência, religião, arte e literatura. Entre esses, a ciência e a espiritualidade têm sido duas das principais forças impulsionadoras da civilização.
Espiritualidade está acima das razões humanas de realização. É a motivação superior do Ser, mais do que o Estar e Ter. Tem o sentido de elevação, de realizar por motivação transcendente. Independe de religião. É a força mística que representa o sentimento da vontade coletiva, do propósito comum para um mundo digno e sustentável. Chamemos por este nome ou não, é um sistema de orientação que ajuda uma pessoa a encontrar respostas a questões éticas, morais e viver uma vida significativa.
A maneira pela qual podemos expressar melhor a espiritualidade é através dos exemplos de ações diárias, nos relacionamentos com as pessoas e outros seres vivos. Espiritualidade se expande em clima de liberdade e responsabilidade. Numa organização, só é possível ser desenvolvida com liderança e decisões compartilhadas. A empresa precisa sonhar, sem se abstrair da realidade. Abrir-se às oportunidades. Sonhar é dar largas à imaginação. A imaginação é insumo da inspiração e essa é da criatividade, que semeia a inovação. Essencial para a organização se diferenciar, ser competitiva, bem sucedida e feliz.
A educação mais profunda que pode ser dada a uma criança é a espiritual. As crianças aprendem basicamente com o que os pais fazem não com o que dizem. Os pais são exemplos. É importante que a criança aprenda sobre causa e efeito, plantar e colher, fazer escolhas sensatas e conscientes, compreender que elas geram consequências, escutar seu coração que é um centro espiritual. As emoções verdadeiras como amor e compaixão emanam dessa fonte.
O líder espiritualizado está comprometido com um sonho, que se transforma em visão. A partir da visão, desenvolve a estratégia, que configura cenários de realidade que favorecem decisões e ações. Ele é humilde, contínuo aprendiz, digno, eleva a equipe, busca a integração, gera positividade, inova, reinventa, aperfeiçoa. É formador de cultura, pessoas e equipe. Dá direção, pratica o diálogo, educa continuamente, cria ambiente motivador para a criatividade e para o melhor desempenho das pessoas, ganha credibilidade pela coerência entre o discurso e o fazer, cultiva a cultura da felicidade. Assim, tem compromisso com a perpetuidade da organização, refletindo e agindo no agora com pensamento no porvir.
Eduardo Carvalho, Harvard University Fellow