ARTIGO

Jornalismo é profissão que merece cuidado, atenção, respeito

"E por aqui?, nos dias de hoje. Como estamos?". Leia a opinião de José Paulo Cavalcanti Filho

Cadastrado por

José Paulo Cavalcanti Filho

Publicado em 24/09/2021 às 6:04
Do sentido da vida aos arranjos políticos, passando pelas interações cotidianas, a comunicação é vasta - Andrys Stienstra/Pixabay

E a Grande Mídia brasileira? Numa realidade cada vez mais radicalizada, que é a que temos hoje, como se comporta? Para uns, já desistiu de fazer jornalismo. Enquanto outros a veem numa missão redentora, como salvadora da Democracia. Cada qual escolha seu lado, a partir de como vê o mundo. Mas, à margem da política, seria bom observar algumas regras que são comuns em países culturalmente avançados.

Para começar, os meios de comunicação devem sempre distinguir, com clareza, interesse do público na informação e interesse público da informação. No primeiro caso, a só curiosidade justificaria a notícia. No segundo, seriam preservados intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas. Sem contar que, como acontece nas melhores democracias, é cada vez mais necessário observar meios éticos na obtenção da informação. Inclusive processando-se documentos e fotografias, em princípio, apenas com o assentimento da pessoa diretamente interessada. Sendo feitos, sem isso, apenas quando for aberto o evento. Ou determine o referido interesse público da informação. Em 1994, os Editores de Jornais da Suíça (URJ) publicaram uma diretiva enorme só com respeito a "Nomes em Processos Judiciais", em regras como a do art. 2º: "O nome do acusado não é, salvo exceção, publicado e a designação utilizada pelo jornalista não pode permitir a identificação do acusado".

Na Inglaterra (NUJ), uma das regras é "resistir à tentação de dramatizar os casos". Nos Estados Unidos, "artigos, fotos e ilustrações nunca devem ser publicados com a intenção de ganhar prêmios", sugerindo não ocorra "confusão entre jornalismo e espetáculo" (Wall Street Journal). Na Suécia (AEPS), não se pode ir nem a "cafés da manhã com a imprensa". No Japão (Nihon Shinbun Kyokai) recomenda-se, ao jornalista, nunca dar sua opinião pessoal. Em 1993, o Conselho de Imprensa de Quebec condenou, formalmente, o "reality show" em que se teria convertido o jornalismo americano. Mais recentemente, no começo deste ano, o New York Times demitiu a editora Lauren Wolfe que, no seu twitter pessoal, postava mensagens de apoio a Joe Biden. Para evitar o risco de que o leitor considerasse não ser isento, o jornal, nas matérias sobre o presidente. Em resumo, por toda parte, jornalismo é profissão que merece cuidado, atenção, respeito. E por aqui?, nos dias de hoje. Como estamos?

José Paulo Cavalcanti Filho, advogado

 

*Os artigos são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do JC

 

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