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Quais as chances de Sergio Moro nas eleições 2022?

"É possível que em 2022, Sergio Moro descubra que a sua candidatura a presidente da República seja inviável". Leia a opinião de Adriano Oliveira

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ADRIANO OLIVEIRA

Publicado em 14/11/2021 às 6:14 | Atualizado em 23/11/2021 às 3:03
Ex-juiz da Lava Jato, senador Sérgio Moro (União-PR) - EVARISTO SA / AFP

Sergio Moro provocou entusiasmo ao assinar a ficha de filiação ao Podemos. Foram várias previsões que surgiram. Dentre as quais, a de que o ex-magistrado conquistará os eleitores de Bolsonaro arrependidos e de que ele é forte competidor no âmbito da 3° via. Previsões extremamente apressadas e descabidas.

Candidatos sábios não seguem exclusivamente a intuição e o otimismo. Interpretam adequadamente pesquisas. É possível que em 2022, Sergio Moro descubra que a sua candidatura a presidente da República seja inviável. Aliás, as evidências presentes neste ano já sugerem isto. Não é porque o ex-juiz "apareceu" à frente de Ciro Gomes na última pesquisa da Genial/Quaest, que ele seja competitivo. Aliás, o correto é dizer que na referida pesquisa o candidato do PDT e o presidenciável do Podemos estão tecnicamente empatados.

O momento de Sergio Moro já passou. Era 2018. Nesta época, como bem revelo no meu último livro, "Qual foi a influência da Lava Jato no comportamento do eleitor? Do lulismo ao bolsonarismo", a popularidade de Moro era elevada, a corrupção era tema forte entre os eleitores, e o lulismo estava em seu pior momento em razão da Lava Jato.

Pesquisa da Genial/Quaest mostra que 67% dos eleitores conhecem e não votariam no presidente Jair Bolsonaro. Em seguida, para minha surpresa, 61% conhecem e não votariam em Sérgio Moro. Por fim, 39% conhecem e não votariam em Lula. Portanto, observem, claramente, que as condições de 2018, por ora, não estarão presentes em 2022. Vejam também que a rejeição do presidente Bolsonaro é compressível. Por outro lado, a de Sérgio Moro não é.

Entretanto, tenho duas hipóteses. O declínio da rejeição de Lula e o aumento da reprovação ao governo Bolsonaro alimentam a rejeição de Sergio Moro. Isto sugere que Sergio Moro pode não crescer eleitoralmente em virtude da impopularidade do presidente da República. Segundo a pesquisa Genial/Quaest, 33% dos votantes afirmam que Jair Bolsonaro é melhor para resolver o problema da corrupção. Apenas, 1% afirmam que é Sérgio Moro.

Para 23% dos eleitores, a economia é o principal problema do Brasil. Seguido de saúde, 17%. Corrupção é citado por 9% - Pesquisa Genial/Quaest. Portanto, o tema corrupção, bandeira de Sergio Moro, está enfraquecido na opinião pública. Conclusão: as condições de hoje não favorecem Moro. A candidatura ao Senado é, neste instante, a sua escolha ótima. Mas isto não significa, também, de que ele será eleito senador.

Adriano Oliveira, Doutor em Ciência Política e professor da UFPE.

 

  *Os artigos são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do JC

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