As várias faces da democracia

Os regimes e formas de governo dos países do Oriente são legais, mas são legítimos? Israel prima pela prática da democracia?
ARTHUR CARVALHO
Publicado em 22/02/2023 às 6:09
SÃO PAULO Faculdade de Direito da USP foi a escolhida para a mobilização democrática. Mais de 800 pessoas participaram do ato Foto: MIGUEL SCHINCARIOL / AFP


Na recente visita de Lula aos Estados Unidos, o tema de maior relevância na conversa entre ele e Joe Biden foi a democracia. Ambos preocupados com a crescente e violenta onda das torcidas organizadas neo-nipo-nazifascistas contra o regime democrático que ainda sobra em alguns países, principalmente na América do Sul.

Os golpes de estado eram praticados por tanques, blindados, fuzis e metralhadoras. Hoje, está na moda o presidente eleito pelo povo destruir, aos poucos, as instituições, levando-as ao descrédito, minando suas estruturas até o golpe final que as transforma em poeira e lixo, campo ideal para alguém assumir o poder sem a menor contestação, sem adversários e inimigos de qualquer naipe ou espécie. Interessante é que os ditadores modernos não podem ser chamados de tiranos porque chegaram ao poder “eleitos pelo povo”.

Aos poucos, “o povo” vai sendo doutrinado pelo tirano e torna-se violento e cego, capaz de praticar qualquer ato insano.

Aprendi, quando menino, que “Democracia é o governo do povo, pelo povo e para o povo” - mas jamais gostei dessa máxima.

Aprofundando depois, em Ciência Política e Teoria Geral do Estado, concluí que essa definição não é nada. Segundo o que se encontra nos livros, a democracia teria nascido ou surgido nos antigos grotões da Suíça, quando os políticos iam à praça pública debater os problemas da comunidade com seus habitantes.

E muito se tem falado sobre esse tema, o regime político, através do tempo, e suas derivadas formas de governo, sejam elas presidencialista monarquista ou totalitária. É aí que está o problema. Todo presidente, monarca e ditador se diz democrata. Putin, eleito pelo povo, é democrata? A China é uma “democracia do povo?” A Coréia do Norte é? A Venezuela é? O Brasil, Argentina, Uruguai e Chile, dos ditadores militares, eram? E quanto tempo se eternizaram no poder “para salvar a democracia do comunismo?”.

Além de sanguinária, da filosofia marxista de Engels e dos Stalinistas do operariado, quem é capaz de definir a democracia? Uns dizem ser a flor que precisa ser cultivada com cuidado e carinho todos os dias por ser muito tenra - outros, que é o menos ruim dos regimes políticos.

O sistema político da América do Norte é democrático e a forma de governo, presidencialista. Mas Trump, que mandou invadir o Capitólio depois que perdeu a recente eleição presidencial, é democrata?

A monarquia britânica se diz democrática, mas a Rainha Elizabeth II, chefe de estado, “reina mas não governa” desde que nasceu - e até a morte podia declarar guerra ao “inimigo”. Isso é plena democracia?

Os regimes e formas de governo dos países do Oriente são legais, mas são legítimos? Israel prima pela prática da democracia? As nações africanas, também? Todo cuidado é pouco com as torcidas organizadas do neo-nipo-nazifascismo! E bote organizada nisso.

Arthur Carvalho - Associação da Imprensa de Pernambuco – AIP

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