Começo esse artigo com base no dilema shakespeariano entre humanos robotizados e robôs humanizados, tão presente em nossos dias. Mas, em minha opinião, é uma falsa dicotomia.
Os humanos e os robôs têm qualidades e limitações únicas. Os humanos são capazes de empatia, criatividade e pensamento crítico, mas também são propensos a erros e preconceitos.
Os robôs são capazes de processar informações rapidamente e de realizar tarefas repetitivas de forma precisa, mas não são capazes de compreender e responder às emoções humanas. Um exemplo clássico, nunca acertariam um placar numa partida de futebol. A não ser que houvesse manipulação…A melhor maneira de superar esse dilema é combinar as forças dos humanos e dos robôs.
E como destravar esse dilema na educação?
Os humanos podem usar a criatividade e o pensamento crítico para desenvolver novas tecnologias, enquanto os robôs podem usar sua capacidade de processamento de informações para automatizar tarefas e tomar decisões rápidas.Os humanos pensam e as máquinas repetem o já pensado. Simples!
Entretanto, como dizia Albert Einstein: "A imaginação é mais importante que o conhecimento". O conhecimento é limitado, enquanto a imaginação abrange o mundo inteiro, estimulando o progresso, dando à luz à evolução.
Agrego uma informação interessante em estudo realizado pela Page Personnel, consultoria de recrutamento. A pesquisa revela que 90% das promoções e demissões nas empresas acontecem em função das Power Skills, o conjunto de habilidades de hard skills com soft skills.
E mais. De acordo com uma pesquisa da Harvard University, Carnegie Foundation e Centro de Pesquisas de Stanford, 85% do sucesso dos profissionais é resultado do desenvolvimento das Power Skills, em especial para as soft skills, sendo que apenas 15% é proveniente das habilidades exclusivamente de conhecimentos técnicos, as hard skills.
Nesse sentido, como professor e com ampla experiência em salas de aulas, acredito que a educação pode desempenhar um papel importante na superação desse dilema.
A educação pode ensinar aos alunos sobre as vantagens e desvantagens da IA e ajudá-los a desenvolver as habilidades necessárias para trabalhar com robôs de forma eficaz. Ter foco!
E aqui, como nos lembra Steve Jobs, o foco é a nossa habilidade de dizer não. Saber o que não fazer é tão importante quanto saber o que fazer.
Aqui estão algumas maneiras pelas quais, avalio que a educação pode ajudar a superar o dilema shakespeariano entre humanos robotizados e robôs humanizados e que temos praticado em nosso cotidiano nas salas de aulas da Faculdade Central do Recife, a qual faço parte:
Ensinar aos alunos sobre a ética da IA.
Ensinar sobre as vantagens e desvantagens da IA.
Ensinar a trabalhar com robôs de forma segura e eficaz.
Ensinar a desenvolver as habilidades sociais e emocionais necessárias para trabalhar com robôs.
A educação pode ajudar a criar uma sociedade em que humanos e robôs possam trabalhar juntos de forma harmoniosa e produtiva. Mas, jamais, a máquina se sobrepõe aos humanos em suas habilidades sensoriais e emotivas. As máquinas têm chip. Os humanos têm coração!
Não é um processo simples, porém, tenho certeza que outros cenários propositivos e inclusivos irão surgir a partir dessa fusão de robôs humanizados e humanos robotizados. Eis a questão, parafraseando Shakespeare: "ser ou não ser".
Aloisio Sotero , professor em Finanças Aplicadas,gGestor de negócios digitais, vice-diretor da Faculdade Central do Recife e associado ao Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).