OPINIÃO

Gestão de empresas centenárias

A gestão de empresas centenárias busca continuamente o aprendizado e o desenvolvimento de habilidades, além de determinados valores como devoção ao legado construído, mas não necessariamente apego, valorização do trabalho e respeito ao próximo, ao meio ambiente e as boas práticas de governança corporativa (GC) e de negócios.

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CLÁUDIO SÁ LEITÃO E JEFFERSON BATISTA

Publicado em 21/02/2024 às 0:00 | Atualizado em 21/02/2024 às 15:29
Respeito ao meio ambiente é fundamental para a longevidade das empresas
Respeito ao meio ambiente é fundamental para a longevidade das empresas - Divulgação

Nas Empresas Centenárias (EC) há uma série de práticas adotadas que contribuem para a sua longevidade. Inicialmente, a empresa precisa ser conservadora o suficiente para garantir a estabilidade e a confiança dos shareholders (sócios) e dos stakeholders (mercado em geral). Ao mesmo tempo, necessita de arrojo na tomada de riscos, porque sem ele não há mudança. Mas o equilíbrio, entre as duas situações, é de fundamental importância. Ter uma reputação de solidez financeira e ser considerada tradicional não significa dizer que a empresa não possa assumir mais riscos, ser arrojada, num determinado momento de investimento para novas estratégias, endividar-se em um nível suportável, de acordo com a sua capacidade financeira, ou realizar investimento considerados inovadores.

O que se observa nas empresas mais longevas, de um modo em geral, é que são mais conservadoras nas decisões financeiras. Ela geralmente tem mais liquidez, porque preservam a sua capacidade de investimento e mantem um menor nível de endividamento. Na prática, as EC têm uma capacidade maior de endividamento, justamente porque o mercado as conhece melhor, permitindo que elas se alavanquem mais. No entanto, grande parte delas, com visão de longo prazo, atrela o maior endividamento ao aumento do risco. Mesmo sendo conservadoras, têm uma gestão financeira eficiente, absorvem novas tecnologias e processos para combater a obsolescência. Nesse contexto, a gestão de risco, compreende a avaliação de investimentos necessários à evolução tecnológica, mas evita tomadas de decisões por impulsos.

Também, os movimentos realizados pelos seus concorrentes não motivam negócios de grande repercussão financeira como aquisições de participações societárias. Muitos gestores dessas EC acham que a organização irá ficar defasada quando vêm os concorrentes fazendo um movimento. Mas uma expansão, sem planejamento, pode ser um tiro no pé. Para uma empresa almejar a longevidade saudável, é preciso gerenciar muito bem o seu crescimento e investir em projetos inovadores que estejam em linha com os resultados operacionais da empresa. Conseguir manter fiel a identidade, desde a sua fundação, e atrelar as decisões de investimento ao foco do negócio, representam os maiores desafios da gestão financeira de empresas com mais de cem anos de história. Apresentar resultados aos sócios a qualquer custo não deve ser uma preocupação constante da gestão, pois pode comprometer a credibilidade e a sustentabilidade da empresa.

Investir em um projeto deve levar em consideração a margem operacional e o resultado esperado deve está em linha com o plano de negócios da empresa, que deve ser revisado a cada mês. Assim como o controle e o acompanhamento dos custos deve ser uma constante preocupação, mas sem comprometer a qualidade dos produtos fornecidos e dos serviços prestados. Finalizando, a gestão de EC busca continuamente o aprendizado e o desenvolvimento de habilidades, além de determinados valores como devoção ao legado construído, mas não necessariamente apego, valorização do trabalho e respeito ao próximo, ao meio ambiente (AEG/ESG, Ambiental, Social e Governança, em inglês: Environmental, Social and Governance) e as boas práticas de governança corporativa (GC) e de negócios.

Cláudio Sá Leitão e Jefferson Batista,  sócios da Sá Leitão Auditores e Consultores.

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