OPINIÃO

Arqueológico: há 162 anos defendendo o nosso passado histórico e cultural

No Arqueológico jamais se apagará a lâmpada votiva que alumia a solidão da História, nas noites de vigília e de luta por um Brasil sempre Brasil, por um Pernambuco imortal, imortal, por uma pátria cada vez mais brasileira

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ROBERTO PEREIRA

Publicado em 03/02/2024 às 0:00 | Atualizado em 03/02/2024 às 12:23
Sede do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco
Sede do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco - KEILA CASTRO/DIVULGAÇÃO

O que dizer de um instituto no alto dos seus 162 anos de vida, pugnando pela defesa do passado histórico e cultural de um Estado com a força de Pernambuco, varonil nas suas antecipações político-libertárias, e que, há 350 anos, expulsou, do seu território, os holandeses, escrevendo a bela página da unidade nacional?

Estamos reverenciando o Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, observe-se, e não de Pernambuco, como frisava o historiador José Antônio Gonsalves de Mello, quando presidente da Casa.

Na sequência da Presidência, estiveram ilustres valores da nossa inteligência, hoje sob a égide da insigne professora Margarida Cantarelli, um outro legado da cultura pernambucana.

E o que espera o IAHGP diante dos novos empossados na solenidade magna alusiva à efeméride?

Aguarda-se uma atitude de vigilância em defesa da lâmpada votiva, chama ardente da nossa pernambucanidade, que nunca esmorece, a lâmpada solitária do culto dos antepassados, que são sombras vivas em que tocamos e palavras mudas, que jamais calaram.

Este, o mistério da história. Ela tem uma alma imortal, que vence o tempo. Não é um testemunho tímido que se arreceia da civilização, dos novos processos de desenvolvimento, da Tecnologia avançada que parece suprimir o próprio homem do contexto da cultura de que ele é a dimensão e a medida. O presente-futuro da História é hoje a conotação mais poderosa das grandes transformações do mundo que não se operam sem as reavaliações do espaço-tempo histórico, o qual Toynbee incluiu todas as manifestações da vida dos inquestionáveis do devenir histórico.

Recordo, neste espaço, a juventude das escolas. Desejo dar o meu testemunho de que os jovens estão interessados em conhecer as nossas tradições, os nossos valores, o nosso passado histórico, que nada lhes metem medo. Dois cursos realizados no então Colégio e Curso Radier, quando tive a honra de dirigi-lo, um sobre a Confederação do Equador, outro sobre a História de Pernambuco, mostraram, à época, que esse conhecimento, ao lado do científico e tecnológico, é tão fascinante para ele quanto outro. Resta só a motivação, o despertar da consciência histórica como vivência humana e não como página de castelo inanimado, espécie de museu de cera com que, por vezes, se dá à História uma perspectiva de fatos e personagens sem vida, sem calor humano.

No Arqueológico jamais se apagará a lâmpada votiva que alumia a solidão da História, nas noites de vigília e de luta por um Brasil sempre Brasil, por um Pernambuco imortal, imortal, por uma pátria cada vez mais brasileira na sua maneira de ser fiel a si mesma, honrando o que o IAHGP tem sabido honrar: a unidade de um povo, que deixou nos montes Guararapes a lição maior da nacionalidade.

Roberto Pereira, ex-secretário de Educação e Cultura de Pernambuco e membro do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano.

 

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