A falta de trabalho continua sendo um tormento para muita gente no Brasil, mas a queda registrada na taxa de desemprego no segundo trimestre revela uma tendência de recuperação que anima as atividades econômicas e as perspectivas de retomada do crescimento. De acordo com os números da pesquisa PNAD Contínua, divulgados ontem pelo IBGE, o índice de 8% de desempregados representa 0,8% a menos que no primeiro trimestre do ano, e 1,3% a menos que o mesmo período em 2022. Mas é importante lembrar que o quarto trimestre do ano passado já teve uma taxa menor, de 7,9%, numa variação que acompanha a sazonalidade da economia e a movimentação de abertura de postos de trabalho.
Apesar do avanço que estimula a distribuição de renda, os negócios e o desenvolvimento, mais de 43% da população em idade de trabalhar segue desocupada. É um desafio que persiste para todos os gestores públicos e a sociedade brasileira: gerar empregos para suprir a demanda da capacidade produtiva do país. O que somente será possível, no atual estágio de transição da economia global, que também afeta o Brasil, com investimento maciço em educação e conhecimento tecnológico, na direção da formação de uma mão de obra preparada para as transformações em curso no mundo do trabalho.
A informalidade continua alta, próxima de 40%, revelando, por sua vez, o peso da carga tributária sobre empreendedores autônomos que buscam a garantia de renda suficiente para honrar as contas do mês. Uma reforma tributária visando o desenvolvimento coletivo deve mirar, também, a redução da informalidade, através de um sistema menos oneroso, que funcione como catalisador do ambiente de negócios. A expectativa para a reforma em discussão no Congresso é que seja capaz de apoiar a abertura de empregos formais, diminuindo ainda mais o nível de desemprego e ajudando a elevar a arrecadação.
O resgate da confiança do cidadão e das empresas na economia requer incentivos maiores nas regiões e nos estados mais pobres, que enfrentam dificuldades redobradas para formar pessoal qualificado e preencher as vagas abertas. Em Pernambuco, um dos líderes nacionais de desemprego nos últimos anos, o novo governo de Raquel Lyra promete impulso importante nos próximos anos, mesmo na economia tradicional. O anúncio de apoio financeiro à aquisição da casa própria, há poucos dias, pode significar grande estímulo para a construção civil, e por tabela, para diversas atividades econômicas relacionadas às obras.
Mas os pernambucanos demandam investimentos estruturais e incentivos setoriais de porte, por exemplo, na economia criativa, como se viu na Fenearte e no Festival de Inverno de Garanhuns. A produção artística local e a dinamização das manifestações culturais, do cinema à literatura, apresentam potenciais que têm tudo para se aliar à educação e ao conhecimento tecnológico, na pavimentação de um caminho de crescimento e justiça social para o estado, para deixar de vez a deprimente condição de um dos campeões nacionais do desemprego.