Uma carta de intenções na direção correta da sustentabilidade para o país e do crescimento econômico do Nordeste: assim pode ser visto o memorando de entendimento entre o Consórcio Nordeste e o Banco Mundial, respaldado pelo governo federal, representado pelo Ministério das Minas e Energia. As intenções se dirigem à formação de um hub para empreendimentos de energia renovável na região, na compreensão dos gestores dos nove estados que o compõem. Em sintonia com a perspectiva global de consumo energético nos próximos anos, que une a necessidade de uma atmosfera limpa às demandas crescentes por energia da parte da população brasileira.
Para a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, “é muito importante atuarmos de maneira integrada, percebendo de que forma podemos fazer a transição energética nas nossas cadeias produtivas”, disse, em bom economês. E continuou, afirmando a relevância do acordo para o redimensionamento dos arranjos produtivos no rumo da sustentabilidade. A transição energética é a mudança da matriz energética, ou seja, do tipo de energia utilizada para abastecer a indústria, o consumo e os serviços. A rearrumação dos arranjos produtivos, por sua vez, diz respeito a uma adequação das principais atividades econômicas de cada estado, de modo a garantir a expansão das vocações e o proveito dos investimentos efetuados, sem continuar explorando fontes não renováveis de energia, como os combustíveis fósseis.
O memorando se traduz na disposição do Banco Mundial de assessorar os estados nordestinos para a transição energética. Um dos principais objetivos é financiar projetos locais para a produção de hidrogênio de baixo carbono, o chamado hidrogênio verde. O diretor do Banco Mundial, Johannes Zutt, acredita que o Brasil pode ser um líder global de transição energética – e o Nordeste, um líder dentro do país. Condições geográficas e climáticas não faltam para que o hub verde se consolide no território nordestino, com potencial de exploração em todos os estados. Com o apoio do Banco Mundial e a transformação da boa vontade em ações concretas, pelo governo federal e demais instâncias de gestão, nos estados e municípios, a economia nordestina pode ser outra, baseada na energia do futuro que já desponta, hoje.
Com 84% da geração de energia eólica no Brasil, e um vasto território ensolarado para a instalação de placas fotovoltaicas, o Nordeste se apresenta, de fato, como uma região propícia à transformação da matriz energética nacional. A região já é um hub de energias renováveis, antes do memorando dos governos estaduais com o Banco Mundial. O que se espera, a partir de agora, é que o cenário favorável seja impulsionado com pequenos e grandes investimentos, dando sequência a um processo de transição que vem sendo observado há mais de uma década, e faz dos ventos e da área iluminada pelo sol, em território brasileiro, imensas reservas de energia limpa. A partir dos impulsos, a economia verde tem tudo para oferecer energia de desenvolvimento aos nordestinos.