CONFLITOS NO MUNDO

Escalada de gastos com armamentos

Com a justificativa da defesa de fronteiras e o aumento de preparativos para guerras, o pior dos mundos se insinua

Cadastrado por

JC

Publicado em 02/01/2024 às 0:00
Kim Jong-un ordena que militares se preparem para guerra contra a Coreia do Sul - Thiago Lucas

Ao invés de se voltarem para esforços de desenvolvimento dos países pobres, que abrigam milhões de pessoas famintas, doentes e miseráveis, os países mais ricos do planeta investem maciçamente em armas e tecnologias de destruição em massa. Ao invés de se unirem em torno da necessidade trazida pelas mudanças climáticas, de reequilíbrio das condições naturais da Terra para a segurança da biodiversidade e a sobrevivência da espécie humana a longo prazo, os países mais ricos do planeta prosseguem nas práticas vorazes de consumo dos recursos da natureza que são limitados no planeta. Num ambiente global em crise, os conflitos armados mostram a preferência de vários líderes contemporâneos pela morte, em detrimento da vida.
A pouco mais de mil quilômetros do Japão, a Coreia do Norte volta a ameaçar a Coreia do Sul e os Estados Unidos, aliados dos sul-coreanos, com declarações de força a respeito de uma guerra iminente. No Oriente Médio, a devastação bélica dos israelenses na Faixa de Gaza depois do ataque terrorista do Hamas a Israel promete continuar, enquanto o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu enxergar na ofensiva dividendos políticos internos. Cerca de 2 mil quilômetros acima, a invasão russa à Ucrânia se encaminha para completar o segundo ano em fevereiro, com os ânimos acirrados e perspectivas nada animadoras – o ímpeto da Rússia de Vladimir Putin continua, enquanto os ucranianos liderados por Volodimir Zelenski resistem, demonstrando capacidade para desferir ataques em solo russo.
A referência de destinação de 2% do Produto Interno Bruto dos países às armas e estruturas de defesa – nem sempre limitadas à prevenção – vai se espalhando dentro e fora da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Isso em termos oficiais, pois se cogita que os gastos militares e tecnológicos em guerras e seus preparativos podem ser sempre maiores do que o declarado pelos governos nacionais. O crescimento orçamentário das armas, no ano passado, foi turbinado na Europa, por exemplo, pela situação na Ucrânia, com potências como a Alemanha embarcando na onda da prevenção. Se em 2022 os gastos globais com armas passaram de 2,2 trilhões de dólares, de acordo com o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo, na Suécia, a mesma entidade calcula que em 2023 esse valor deve ter sido ainda maior.
Desempenhando papel de peso tanto na Ucrânia quanto no apoio a Israel, os Estados Unidos vêm aprovando elevações das despesas bélicas, ano após ano, no Congresso, a pedido da Casa Branca. Com isso, três das maiores potências mundiais – além dos EUA, a China e a Rússia – se armam até os dentes para matar inimigos e aniquilar seus territórios. O resultado desses movimentos na geopolítica internacional ainda é incerto. Mas o que se vê em diferentes pontos do planeta afunda a humanidade na sombra de outras guerras, como a que marcou a história do século 20 com bombas nucleares. No rastro do mau exemplo dos norte-americanos, que há anos fazem isso, até líderes de nações empobrecidas como a Venezuela vislumbram na opção belicista uma estratégia política de permanência no poder.

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