DENGUE

A caminho da emergência nacional

Com um terço dos estados com a situação emergencial decretada, o Brasil enfrenta uma disparada de casos da doença

Cadastrado por

JC

Publicado em 06/03/2024 às 0:00
Feriado da Data Magna: Revolução Pernambucana de 1817 - Thiago Lucas

Com 311 casos para cada 100 mil habitantes nos últimos dias, o estado de São Paulo decretou na segunda-feira a emergência por causa da epidemia de dengue. A referência vem da Organização Mundial de Saúde (OMS), que indica que deve ser decretada emergência quando se ultrapassa a marca de 300 casos em 100 mil pessoas. Com isso, são nove as unidades da federação nessa mesma condição: Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo completam o cenário preocupante em toda a região Sudeste, no Centro-Oeste, Goiás e o Distrito Federal, e mais o Acre e o Amapá na região Norte, e Santa Catarina no Sul.
Em pouco mais de dois meses de 2024, em todo o território nacional, já são mais de 1,2 milhão de casos prováveis, 278 mortes confirmadas e 744 mortes que podem ter sido causadas pela arbovirose em investigação. A incidência de casos no país atinge quase o dobro da sinalização da OMS – são 597 por 100 mil habitantes. A epidemia tende a diminuir no Sudeste e avançar nas demais regiões, sobretudo no Nordeste, com a mudança da localização de chuvas fortes nos próximos meses. Mesmo assim, as autoridades sanitárias alertam que o quadro na região mais populosa ainda vai piorar, chegando ao auge na quantidade de infecções, antes de melhorar. Por isso as medidas emergenciais não podem esperar, a prevenção tem que se espalhar, e a estrutura para o cuidado dos pacientes precisa estar adequada, a fim de evitar mais óbitos.
O retorno do mosquito Aedes aegypti em tal dimensão é função de um desleixo generalizado, dos governos e da população, nos últimos anos. Os esforços de comunicação para conscientização, e vigilância nos focos, agora, correm atrás do tempo perdido, enquanto a disseminação das doenças disparou. Segundo estimativas do Ministério da Saúde, 75% dos focos estão nos endereços residenciais. As visitas dos agentes de saúde possuem essa dupla função: informar a população e buscar os focos existentes, para acabar com eles – torcendo para que as condições ideais para a formação de criadouros não se repitam nos mesmos lugares.
Mesmo sem o alarme emergencial, os pernambucanos também percebem o aumento da dengue. Em Caruaru, no final de fevereiro, a alta de casos passou de 60% em relação à semana anterior. No estado inteiro, o número de casos dobrou, nos primeiros meses do ano, em comparação com 2023. E as chuvas nem chegaram em sua estação típica. Os indicadores vêm sendo acompanhados pelos gestores públicos de saúde, no governo estadual e nos municípios. Medidas preventivas hão de estar em curso, para que a população não volte a sofrer com um descontrole epidêmico abarrotando os hospitais e as unidades de atendimento. O temor é que as mudanças climáticas agravem a perspectiva, gerando um encontro de emergências nos estados de norte a sul, pressionando o governo federal a dar suporte financeiro e logístico, ao mesmo tempo, em todo o país.

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