PAZ NO MUNDO

Mais um apelo do Papa

Apesar da saúde debilitada, o Papa Francisco não deixa de reforçar a mensagem pela urgência da pacificação da humanidade

Cadastrado por

JC

Publicado em 01/04/2024 às 0:00
Ditadura militar - Thiago Lucas

Após a tradicional missa da Páscoa, no domingo, o Papa Francisco voltou a bater na tecla da reconciliação dos povos e dos governos que insistem em manter a guerra como fonte do poder, vinculando a destruição de um inimigo ao benefício coletivo. O forte símbolo do renascimento colado à ressurreição do Cristo serviu de inspiração ao pontífice, que não deixa a saúde debilitada abalar a sua fé na capacidade humana de perdão e regeneração – nem a vontade de pregar e conclamar pelo que acredita certo, justo e digno. Disseminar a fé no ser humano tem sido a missão do Papa argentino, erguendo bandeiras de inclusão, encarando temas polêmicos para a Igreja Católica, e fazendo críticas aos que tiram proveitos dos conflitos no mundo.
Para a multidão a seus pés, Francisco pediu: “Não nos rendamos à lógica das armas. Não permitamos que as hostilidades em andamento continuem a afetar seriamente a população civil, já exausta, especialmente as crianças”. Por trás da lógica das armas – que detona mortes, espalha o sangue e massifica o sofrimento e o ódio – existem outras lógicas deletérias do espírito humanista, que não se importam com a voz de um pacifista. Como a lógica do poder que cobra o preço de vidas para permanecer onde está, usando e abusando das fileiras de jovens nos campos de batalha, sem dar a mínima para a matança de vítimas do outro lado, onde se escondem ou se exibem inimigos que devem ser preservados até a última gota de sangue, realimentando a guerra e o poder vindo dela.
Uma outra lógica, relegada a segundo plano, mas tão importante quanto, é a do lucro fornecido por armas, munições – e as ruínas materiais e humanas que deixam pelo caminho. Quem paga pelas bombas e pela tecnologia das guerras, onde cada míssil lançado – e são milhares – é produzido e vendido por milhões de dólares? E quem lucra, além dos governantes respaldados e insuflados pelo terror de Estado? O terrorismo, por sinal, alijado das instituições formais, também tem suas lógicas de poder e lucro, mesmo quando travestidas de motivações religiosas, estimulando o ódio de forma a garantir a sua transmissão por gerações.
“A guerra é sempre um absurdo e uma derrota! Não permitamos que ventos de guerra cada vez mais fortes soprem sobre a Europa e o Mediterrâneo”, discursou o Papa, em referência às guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza, entre as de maior impacto na atualidade. Duas invasões em curso pelo impulso irrefreável de Benjamin Netanyahu e Vladimir Putin, de Israel e da Rússia, que ordenam a vitória da lógica das armas, sob o argumento da legítima defesa ou de um legado histórico narrado pela política da força. Nos dois casos, o espaço para o diálogo é nulo, enquanto a truculência domina.
Em janeiro, em pronunciamento, Francisco já havia tentado sensibilizar os líderes que financiam e garantem o suprimento das guerras. “Rezemos para que aqueles que têm poder sobre esses conflitos reflitam sobre o fato de que a guerra não é o caminho para resolvê-los, pois semeia a morte entre os civis e destrói cidades”, afirmou, lembrando que a guerra é um crime – não contra um inimigo, mas contra a humanidade.

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