Após dias de angústia, pernambucanos que estavam retidos em Portugal por causa do coronavírus voltam ao Estado

Ao todo, 290 brasileiros chegaram ao Recife na noite desta terça-feira (24), em um voo vindo de Lisboa
Amanda Azevedo
Thalis Araújo
Publicado em 24/03/2020 às 23:00
Passageiros desembarcando no aeroporto do Recife Foto: BOBBY FABISAK/JC IMAGEM


Atualizada às 12h45 em 25.03.2020

Após dias de angústia por causa das restrições de tráfego aéreo motivadas pela pandemia do novo coronavírus (covid-19), 290 brasileiros que estavam retidos em Portugal, sendo a maior parte de Pernambuco, conseguiram voltar para casa nesta terça-feira (24).

O avião foi fretado pela agência de turismo CVC com o objetivo de trazer, principalmente, turistas que estavam no cruzeiro Soberano, operado pela companhia. Por conta da pandemia, a embarcação precisou atracar na cidade espanhola de Cádiz e centenas de passageiros, como a funcionária pública recifense Neide Magali da Silva, 65 anos, foram levados em ônibus a Lisboa. Eles deveriam retornar ao Brasil de avião no dia 19 de março, mas não conseguiram.

"É uma sensação maravilhosa pisar aqui, vocês não sabem o sofrimento pelo qual passamos. É uma bênção voltar depois de tanta luta, idas e vindas, sem ninguém nos oferecer suporte. Os hotéis nos expulsaram. Nos tínhamos reserva até o dia 19 de março, mas quando soubemos que o voo tinha sido cancelado e fomos renovar, disseram que não. Tivemos que ir atrás de um apartamento para alugar", relatou a recifense, acrescentando que o grupo não recebeu nenhum tipo de auxílio do governo federal.

"Chegávamos às 8h no aeroporto e saíamos às 23h. Não houve ajuda. Eu cheguei a gravar vídeos com minhas amigas, pedindo ajuda para as autoridades pernambucanas", disse.

Orientações sanitárias

De acordo com Neide Magali, assim que desceram do avião no Recife, os passageiros foram abordados para preencherem um formulário com seus dados pessoais. A orientação dada foi para que, caso sintam algum sintoma da covid-19, informem às autoridades de saúde.

Antes da aeronave aterrissar, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tinha dito que não montaria nenhum procedimento especial para receber o grupo. Nesta quarta-feira (25), após a publicação desta matéria, a Anvisa enviou nota informando que "realizou uma série de ações para a chegada do voo".

Leia a nota da Anvisa:

A Anvisa esclarece que realizou uma série de ações para a chegada do voo da TAP, que aterrissou no aeroporto de Recife proveniente de Lisboa (Portugal).

A equipe da agência no aeroporto abordou os passageiros na abertura da porta do desembarque. Foi feita a leitura do speech que esclarece os sintomas e orientações da doença. Os fiscais da Anvisa também fizeram a ficha com dados de todos os passageiros da aeronave.

Além disso, representantes da secretaria de saúde distribuíram folders orientativos indicando o auto-isolamento de sete dias, indicado pelo governo do estado.

No portão do desembarque, uma agente da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde do Recife distribuía máscaras descartáveis e folhetos com orientações sobre a doença, enquanto uma equipe da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) segurava uma faixa lembrando aos passageiros da necessidade do isolamento para os que chegam de viagem. "Estamos felizes em ter você de volta. Agora, precisamos continuar nos cuidando. Fique em casa em quarentena por sete dias. Cuide de você e de quem você ama", dizia a pedido.

O tarólogo alagoano Tony Leopoldino, 48, que também estava no cruzeiro, no entanto, afirmou que não recebeu nenhuma orientação efetiva. "Na Europa, as autoridades cobram muito mais. Durante o voo, apenas o comandante anunciou que teríamos que preencher um papel, achei muito vazio. Deveria ter alguém preparado para checar temperatura, verificar a pressão, procurar saber por onde passamos", disse. 

Além dos turistas que estavam no cruzeiro, o avião fretado trouxe outros brasileiros que estavam enfrentando dificuldades para voltar ao País. Foi o caso da fisioterapeuta Karina Richow, 36, sua mãe, Mara Richow, 60, e filha, Sofia, 3, que tiveram as férias frustradas pelo avanço da doença.  

"Estávamos menos angustiadas porque estávamos na casa do meu irmão, mas tinha gente que dormiu no aeroporto. Agora, passou, vem o alívio, a segurança de que estamos aqui e vamos ter suporte. O maior problema era estar lá e não ter auxílio médico. A partir do momento que se decretou a pandemia, nem o seguro de saúde, que a gente precisa fazer para viajar, dava suporte", disse Karina ao reencontrar o marido, o gerente comercial Rafael Farias, 37, no Recife.

O que é coronavírus?

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

Como prevenir o coronavírus?

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
  • Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (mascára cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).

Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.

Confira o passo a passo de como lavar as mãos de forma adequada

 

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