Depois das chuvas, as borboletas: revoadas colorem ruas vazias do Recife

O entomologista Wendel Pontes explica por que as borboletas estão aparecendo mais
Maria Lígia Barros
Publicado em 26/03/2020 às 14:49
Logo após início do isolamento social dos cidadãos, revoadas de borboletas foram vistas no Recife Foto: FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM


Você tem visto uma quantidade maior de borboletas pelas ruas? Não é apenas impressão. No Grande Recife, é possível encontrar grandes revoadas do inseto, mais comumente na cor amarela.

Segundo o entomologista Wendel Pontes, alguns fatores influenciam na aparição, todos relacionados ao tempo. Um deles são as chuvas que atingiram Pernambuco este ano. “Provavelmente brotaram muitas flores e novas folhas, que são o alimento das borboletas e lagartas, respectivamente”, diz.

O calor também conta. “Ele acelera o metabolismo das lagartas. Quanto mais quente, mais rápido o ciclo de desenvolvimento delas. Mais lagartas, mais borboletas”, conclui.

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Essas são duas características do verão no Estado, e é nesta estação que acontece o período reprodutivo das borboletas. “É quando elas voam mais rápido e voam mais longe, e tem as revoadas. Umas perseguem as outras, à procura por parceiros”, detalha.

De acordo com o especialista, elas não voam com um destino específico, mas possuem a capacidade de viajar alguns quilômetros - e transitar pela Região Metropolitana do Recife (RMR), entre a Paulista, Olinda, Jaboatão dos Guararapes e a capital.

“As borboletas se locomovem a distâncias muito longas, não são concentradas em um campo. Provavelmente vêm de outras áreas, outras regiões. Enquanto tiver disponibilidade de folhas, flores e calor, você vai ter uma grande quantidade delas”, conta.

Também há um motivo para as borboletas amarelas serem as mais avistadas. “Elas têm um comportamento de voo disperso. É uma família muito mais visível e mais abundante.”

Na sua visão, também é possível que simplesmente tenhamos passado a reparar mais nas visitantes por conta do isolamento social que vivemos, em razão do novo coronavírus. “Há muito mais gente em casa, menos carros. Elas não tem voo muito alto, então, com menos deslocamento de pessoas, pode ser que estamos conseguindo vê-las melhor”, opinou.

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