ÔNIBUS

Nos terminais do Grande Recife, redução da frota por coronavírus causa medo e longas esperas

Além da operação funcionar, temporariamente, com 1.350 coletivos, o governo de Pernambuco, autorizou que empresas de ônibus realizem apenas 45% das viagens programadas diariamente

Katarina Moraes Mayra Cavalcanti
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Katarina Moraes
Mayra Cavalcanti
Publicado em 03/04/2020 às 9:38 | Atualizado em 03/04/2020 às 10:04
MAYRA CAVALCANTI/JC
Terminal Integrado do Barro na manhã desta sexta-feira (3) - FOTO: MAYRA CAVALCANTI/JC

Usuários dos terminais integrados do Barro, localizado no bairro homônimo, na Zona Oeste do Recife, e da Macaxeira, situado em Dois Irmãos, na Zona Norte, relataram, nesta sexta-feira (3), medo do contágio do novo coronavírus nos ônibus e alto tempo de espera durante período de quarentena em Pernambuco. A reportagem do JC foi até os equipamentos e notou pouco movimento, filas pequenas e a maioria dos ônibus vazios, mesmo com a redução de 53% da capacidade regular na frota de ônibus da Região Metropolitana do Recife.

Além da operação funcionar, temporariamente, com 1.350 coletivos, o governo de Pernambuco, gestor do Sistema de Transporte Público de Passageiros da RMR (STPP/RMR), autorizou que empresas de ônibus realizem apenas 45% das viagens programadas diariamente.

As mudanças, no entanto, causam maior intervalo entre os veículos, como relata a técnica em enfermagem Larissa Silva, de 22 anos, que estava no T.I. Barro voltando do trabalho, em Cajueiro Seco, Jaboatão dos Guararapes, e indo para casa, em Coqueiral, na Zona Oeste do Recife. “Diminuiu. Essa frota que eu pego, o Coqueiral Barro, só tem um ônibus rodando, só está vindo no intervalo de 1h30, está complicado”, revelou.

O Estado diz que continua exigindo da operação a disponibilização de veículos extras nos terminais integrados de maior movimentação para evitar o acúmulo de passageiros nas filas e, assim, atender o que preconiza as autoridades de saúde.

Contudo, o porteiro Antônio Silva, de 57 anos, que estava no mesmo terminal, reclamou da lotação dos ônibus. “Colocam uma lei e não tem como cumprir, porque vim agora no [linha] Joana Bezerra - Boa Viagem lotado”, disse. Ele também revela ter medo da aglomeração de pessoas nos coletivos, situação que o Ministério da Saúde recomenda evitar, para frear a disseminação da covid-19. “Com ele lotado sinto [medo], sim. A gente tem que procurar se prevenir”.

A reportagem do JC encontrou, nos dois terminais, equipes de limpeza fazendo a higienização dos coletivos assim que os passageiros descem, ação anunciada pelo governador Paulo Câmara no dia 16 de março, e também efetuada pelo Metrô do Recife.

O Governo do Estado informa que a revisão da programação visa reverter as demissões, e não agradar o setor empresarial. Defende, também que a medida já estava prevista diante da queda de demanda das últimas semanas da pandemia. E pede, ainda, que a população priorize o isolamento social e só utilize o transporte público quando for necessário. E que, ao fazê-lo, evite os horários de maior movimento, quando há uma maior concentração de pessoas nos ônibus e nos terminais integrados: das 5h às 8h e das 17h às 20h.

Na percepção do barbeiro Ivan Felipe, de 24 anos, que esteve no T.I. Macaxeira nesta manhã, todos os dias durante a quarentena parecem com o esquema normal de redução de frota de domingo. “Todo dia está parecendo que é domingo, reduzido. Pego mais ônibus no [terminal] Pelópidas [Silveira], porque sou de Paulista. E no domingo, lá, é [o ônibus] Arthur Lundgren II / Rio Doce (Paratibe) [que roda], e este está todo dia”, explicou.

Demissões em massa

Demissões em massa também estão sendo efetuadas em pelo o menos dez das onze empresas que operam o transporte por ônibus. A especialista em trânsito do JC, Roberta Soares, chegou à informação não oficial de que duzentos profissionais foram dispensados somente na empresa Transcol, que opera na Zona Norte da capital. A empresa Vera Cruz - que atende o Sul do Recife e da RMR - teria demitido 230 profissionais. A Caxangá, que roda na Zona Norte da capital e em Olinda, no Grande Recife, teria afastado outros 270 motoristas, cobradores, fiscais e mecânicos. A Empresa Metropolitana, do mesmo grupo da Caxangá, teria promovido outras 250 demissões. Além delas, a Globo, Itamaracá, Borborema, Rodotur, Cidade Alta e Pedrosa - esta última do mesmo grupo da Transcol - também demitiram.

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