Atualizada às 12h30 do dia 5 de junho
Moradores do Edifício Píer Maurício de Nassau, no bairro de São José, Centro do Recife, lamentaram, nesta quinta-feira (4), a morte do menino Miguel Otávio Santana da Silva, 5 anos, que caiu do nono andar do prédio nessa terça-feira (2). Em nota de pesar enviada à imprensa, o grupo afirmou que, desde o ocorrido, se colocou à inteira disposição das autoridades, “sempre prestando todas as informações solicitadas para a elucidação do caso”, e se solidariza com a família da criança.
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O menino era filho de Mirtes Renata Santana de Souza, empregada doméstica de um dos apartamentos do edifício. A patroa dela, Sari Corte Real, esposa do prefeito de Tamandaré, Sérgio Hacker (PSB), foi presa em flagrante e liberada, após pagamento de fiança, por ter deixado Miguel sozinho dentro do elevador do prédio. Ao sair, a criança caiu de uma altura de 35 metros. O fato aconteceu na tarde da última terça-feira (2), quando Mirtes deixou o filho sob a responsabilidade da patroa e desceu para passear na rua com o cachorro da família. Ao voltar para o prédio, ela se deparou com o filho praticamente morto. Miguel ainda foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos provocados pela queda.
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Foi com enorme pesar que nós, moradores do Píer Maurício de Nassau, vivenciamos essa tragédia com o pequeno Miguel em nosso condomínio.
Desde o ocorrido, fizemos esforços para que Miguel fosse atendido o mais rápido possível, comunicamos às autoridades e nos colocamos à inteira disposição, sempre prestando todas as informações solicitadas para a elucidação do caso.
Neste momento de extrema dor, nos solidarizamos com a família do Miguel, em especial com sua mãe, Mirtes. Rogamos para que Deus possa confortá-los, em um momento em que as palavras se apequenam e o espírito busca amparo na fé.
Recife, 4 de junho de 2020.
Moradores do Edifício Píer Mauricio de Nassau.
O delegado Ramón Teixeira não nega que a responsabilidade legal pela criança naquele momento era da proprietária do apartamento, mas entende que isso não é suficiente para classificar como um homicídio com dolo eventual. E admite que o envolvimento da moradora só começou a ser investigado porque parentes afirmaram que a mãe da criança tinha deixado o filho aos cuidados da patroa e de uma manicure antes de descer para passear com o cachorro. “Foi por isso que resolvemos investigar os passos do garoto até o momento em que ele entra no elevador, chegando à responsabilidade da moradora”, disse.
Na videocoletiva para a imprensa, a Polícia Civil explicou que o garoto, já dentro do elevador, seguiu sozinho até o sétimo andar. A porta abriu, mas ele não desceu. No nono andar, decidiu sair. Tudo comprovado por imagens do circuito de TV do condomínio. “A perícia detalha que a criança sai do elevador de serviço e caminha pelo corredor até uma janela. Consegue passar pela janela, escalando uma altura de 1,2 metro, e cai na área onde ficam os exaustores dos equipamentos de ar-condicionado dos apartamentos daquele andar. Acredita-se que, lá de cima, ele possa ter visto a mãe passeando com o cachorro na rua. Então sobe no parapeito de alumínio, que não suporta o peso e quebra, fazendo com o garoto seja lançado a uma altura de 35 metros”, detalhou o delegado.
O corpo de Miguel foi enterrado nessa quarta-feira (3), em Bonança, distrito do município de Moreno, na Região Metropolitana do Recife.