Atualizada às 21h15
Com a reativação dos estabelecimentos nesta sexta-feira (17), a Secretaria de Saúde de Olinda começou, por volta das 11h, uma ação de sanitização no Alto da Sé, para que as tapioqueiras e artesãos retomassem as atividades em segurança após meses com funcionamento proibido, por causa da emergência sanitária causada pelo novo coronavírus. A medida integra um decreto do Executivo municipal, que prevê o funcionamento dos estabelecimentos até 22h. O documento também permite o banho de mar e a prática de esportes na areia até 17h; reabertura dos quiosques na orla (sem a venda de bebidas alcoólicas) e o aumento para 50% da capacidade em cultos religiosos. A prefeitura havia autorizado o funcionamento de bares e restaurantes na cidade, mas recuou e decidiu adiar a retomada dessas atividades para a próxima segunda-feira (20).
Tapioqueira há 30 anos, Maria Luiza de Paula, de 50 anos, comemora o retorno às atividades, mas não é otimista em relação ao movimento. "Foram quatro meses sem fazer nada, só chorando e devendo, com contas atrasadas. Não vai ser como era antes, de jeito nenhum, vai ter dia que a gente vai vender duas ou três tapiocas". Ela explica que a classe tem se ajudado entre si, e que, da gestão municipal, recebeu "uma cesta básica no dia 30 de abril, de resto, nada."
A opinião é compartilhada pelo comerciante e artesão Obisolon Nunes, 37. "Para nós, que vivemos do artesanato de turismo, vai demorar muito para que as coisas melhorem de verdade. Esse novo normal, para nós, não tem nada de normal. Para que a gente volte a tirar o nosso sustento, é preciso que as agências de turismo e os voos retomem as atividades", pontua. Durando os 110 dias em que ficou sem trabalhar na barraca da Sé, o artesão viveu da confecção de máscaras. "Vendíamos para vizinhos em um primeiro momento, depois colocamos na internet e as vendas cresceram. Foi o que me ajudou nesse período."
No primeiro dia da reabertura, a chuva espantou os clientes, mas mesmo assim a tapioqueira Paula de Paula, 39, tem esperança de que a situação melhore. "Faz 30 anos que frequento a Sé, desde quando minha mãe trabalhava aqui e nunca vi este lugar assim. Foi devastador ver isso aqui vazio durante a pandemia", lamentou ela, que assim como alguns comerciantes, trabalhou mesmo com a proibição das atividades. "A gente tira o sustento daqui. Eu abri um delivery, mas não é a mesma coisa. Meu auxílio emergencial foi aprovado, mas só vou receber na próxima semana. Se dependesse dele, não teria como pagar minhas contas esse tempo todo."
Para a retomada das atividades no Alto da Sé, a Secretaria de Saúde realizou na manhã de ontem a sanitização do local, que deverá ser repetida a cada 15 dias. A medida integra um decreto do Executivo municipal, que libera atividades como o banho de mar e a prática de esportes na areia até 17h; reabertura dos quiosques na orla (sem a venda de bebidas alcoólicas) e aumento para 50% da capacidade em cultos religiosos.
O coordenador da ação Consultório de Rua, da prefeitura de Olinda, Mário Costa explicou que o produto utilizado na limpeza é "usado ao redor do mundo no combate ao coronavírus". O pátio das tapioqueiras vai ser higienizado a cada duas semanas. "Já viemos trazendo nos terminais de ônibus, unidades de saúde, feiras e mercados, hoje a gente vai incluir no nosso cronograma o Comércio do Alto da Sé e o Pátio das Tapioqueiras. Vamos iniciar distribuindo álcool em gel para elas e, em breve, estaremos trazendo máscaras laváveis para os feirantes cadastrados".
O uso da máscara de proteção continua sendo obrigatório em áreas públicas, nas igrejas, no comércio e demais serviços e locais autorizados a funcionar. Caso o número de casos volte a subir, o município já sinalizou que poderá rever as medidas adotadas, em conformidade com o protocolo de retomada das atividades do governo do Estado.
Os restaurantes, que também estavam autorizados a reabrir ontem pela gestão municipal, terão que aguardar até a próxima segunda-feira para retomar os serviços. Em nota, a Prefeitura de Olinda justificou que alterou a data para ficar que haja "harmonia Metropolitana na liberação das atividades comerciais." O Governo de Pernambuco autorizou esses estabelecimentos a reabrirem a partir do dia de 20 de julho. A nota da prefeitura diz ainda que Olinda está seguindo as regras sanitáras no combate à covid-19 e que apenas 14% dos leitos destinados a pacientes com sintomas ou caso confirmado da doença estão ocupados.
I – o banho de mar nas áreas seguras e a prática de esportes respeitando o distanciamento social e a vedação geral de aglomerações, observando o limite de horário, que será até 17h, não sendo permitido o uso de barracas, guarda-sol, cadeiras, isopor e caixas térmicas;
II – a reabertura dos quiosques regularmente instalados ao longo da orla marítima, vedada a venda e o consumo de bebidas alcoólicas nos mesmos, com o horário de funcionamento passando a ser das 6h às 20h;
III – a prática de esportes de forma individualizada ou em grupos familiares, inclusive com o acompanhamento de profissional de Educação Física, conforme a necessidade, a exemplo de corrida, caminhada e uso de bicicleta, respeitados o distanciamento social e a vedação geral de aglomerações;
IV – os locais de culto, a exemplo de igrejas, templos e assemelhados, ficam autorizados a aumentar a sua capacidade de lotação, passando de 30% para 50%, observando, sempre, os cuidados de sanitização e distanciamento social adequados, conforme orientação das autoridades sanitárias;
V - reabertura do comércio das Tapioqueiras e Artesãos de Olinda, devendo ser observado o distanciamento entre as barraquinhas, de 1,5m (um metro e cinquenta centímetros), não sendo permitido o consumo de alimentos e bebidas no local, bem como a disponibilização de bancos e cadeiras para os consumidores, a fim de incentivar a circulação das pessoas e evitar aglomerações nos pontos de venda;
VI - reabertura dos estabelecimentos que comercializam refeições, a exemplo de restaurantes, observadas as seguintes determinações:
a) os clientes deverão estar devidamente acomodados em cadeiras e mesas, cujo distanciamento de uma para outra deverá ser, no mínimo, de 1,5m (um metro e cinquenta centímetros);
b) nos referidos estabelecimentos permanece proibida a apresentação de atrações ao vivo, devendo ser reforçadas as medidas de higienização das mesas e locais de consumo entre uma ocupação e outra, disponibilizando, em cada mesa ou ao alcance dos seus usuários, dispensadores de álcool em gel a 70% (setenta por cento).
Por meio de nota divulgada nesta sexta-feira (17), a prefeitura de Olinda informou que a reabertura dos bares e restaurantes da cidade foi adiada. Antes prevista para esta sexta, deve acontecer apenas na próxima segunda-feira (20). Ainda de acordo com a prefeitura, Olinda tem 14% dos leitos destinados a pacientes da covid-19 ocupados. Confira a nota completa:
"A Prefeitura de Olinda esclarece que vem seguindo todas as posturas e orientações dos Decretos do Governo do Estado de Pernambuco em relação às regras sanitárias no combate ao COVID-19, dando sempre prevalência à salvaguarda da vida no Município. Em parceria com o Governo de Pernambuco, a Secretaria de Saúde de Olinda registra dados da pandemia no Município que revelam resultado muito positivo, indicando ocupação de apenas 14% dos leitos destinando ao combate do novo coronavirus.
No que toca à reabertura dos bares e restaurantes da cidade, prevista inicialmente para esta sexta-feira (17.07), visando uma harmonia Metropolitana na liberação das atividades comerciais, o Município adiará a reabertura de bares e restaurantes para a próxima segunda feira, dia 20.07"