Em pronunciamento oficial divulgado nesta sexta-feira (11), seis meses após a Organização Mundial de Saúde (OMS) decretar a pandemia do novo coronavírus, o prefeito do Recife, Geraldo Júlio (PSB) informou que o município atingiu o quarto mês de queda no número de contágios pela doença. Além disso, de acordo com o gestor, já foram quase 30 mil pessoas recuperadas da covid-19 na capital pernambucana.
"Passados seis meses da decretação da pandemia, o Recife chega a quatro meses de redução na contaminação, nós estamos chegando também a 30 mil pessoas recuperadas da covid-19 em nossa cidade", informou Geraldo.
Segundo dados divulgados pela Vigilância Epidemiológica do Recife, os casos de síndrome respiratória aguda grave (srag) caem na cidade desde maio, período em que o lockdown foi imposto. Em agosto, no entanto, os casos leves também começaram a cair, fazendo com que o Recife ficasse responsável por apenas 15% de todos os novos casos de Pernambuco durante o mês, diferente de abril, quando a cidade chegou a ser responsável por quase 55% dos novos casos de covid do Estado.
A Secretaria de Saúde do Recife também registrou queda de 70% das internações na comparação do mês de maio, no pico da pandemia, com os dados fechados do mês de agosto, assim como contabilizou redução de mais de 50% no número de atendimentos nas emergências das policlínicas em cujas áreas externas foram construídos hospitais de campanha, no mesmo período.
Para o prefeito, que fez um balanço da situação da pandemia no Recife, a redução nos indicadores da cidade acontece devido ao comprometimento da população, que cumpriu as medidas de isolamento social adotadas pela gestão municipal. "O isolamento social feito pelo recifense teve um papel fundamental e quero agradecer à todos que se engajaram", disse.
O político informou também que a rede de saúde do Recife está próxima do marco de 3.100 altas hospitalares, e agradeceu à todos os profissionais envolvidos na construção das unidades emergenciais e dos hospitais de campanha que, segundo ele, já atenderam 43 mil pessoas desde o início da pandemia da covid-19 em Pernambuco. "Eu quero agradecer o empenho de todos, e a gente deve continuar junto, porque a pandemia não acabou e as ações de prevenção devem continuar", finalizou o gestor.
O boletim epidemiológico diário da Secretaria de Saúde (Sesau) não apresentou, na última segunda-feira (7), registro de novas mortes pela covid-19 no Recife, estatística que não aparecia desde o dia 3 de abril. Foi contabilizada, ainda, a redução de mais de 80% nas mortes pelo novo coronavírus na comparação do mês de maio, quando houve o pico da pandemia na capital pernambucana, com o último mês de agosto. De maio para julho, a redução de mortes é de quase 82%. De maio para agosto, a queda chega a mais de 90%, até o momento.
A primeira morte confirmada no Recife foi no dia 25 de março, quando um idoso de 85 anos com histórico de diabetes e hipertensão, além de cardiopatia isquêmica, faleceu no Hospital Oswaldo Cruz, centro da cidade, onde estava internado desde o dia 20 de março. O último dia sem nenhum óbito confirmado na cidade foi no dia 3 de abril e, desde então, esses números cresceram até a segunda quinzena de maio, no pico epidêmico.
Quando se leva em conta a data da morte, e não o dia da divulgação do resultado do exame laboratorial, o Recife registrou seus oito primeiros óbitos provocados pelo novo coronavírus em março. Em abril, o número já subiu para 482, mas atingiu seu ápice em maio, no pico da pandemia, quando o município registrou 1.133 mortes em consequência da nova doença. Em junho, após as duas semanas de quarentena mais rígida, os óbitos já caíram para 363. A redução continuou em julho, quando a Vigilância Epidemiológica do Recife confirmou 205 mortes por covid-19, e seguiu no mês de agosto, com 112 óbitos, até o momento.
Para a infectologista Vera Magalhães, o indicativo é positivo, mas não representa motivo para relaxamento. "É óbvio que é uma boa notícia de que não houve registro [de mortes], mas ainda não é momento de relaxar, porque estamos olhando apenas para o número de óbitos, que são casos graves, que vão para a UTI e morrem da covid. Isso é um dado bom, mas é insuficiente para garantir que não haja circulação viral, porque ainda estão sendo registrados novos casos da covid", afirmou. "Pelo comportamento das últimas semanas, está havendo, realmente, um controle desses óbitos, mas não sabemos em que nível está a infecção, porque não testamos de forma ampla", explicou.
A especialista alerta, ainda, que medidas sanitárias de prevenção ao coronavírus devem ser mantidas, visando prevenir uma segunda onda da doença em Pernambuco. "Acho que tem que haver a flexibilização para a retomada de algumas atividades, mas deve haver o uso amplo de máscara para sintomáticos e assintomáticos, quem teve e quem não teve, deve haver o distanciamento social e a higienização das mãos, e deve-se evitar ambientes fechados. Ainda devem se manter em restrição as pessoas do grupo de risco e com complicações", orientou.