Thalis Araújo
Publicado em 17/09/2020 às 22:36
Cerca de 300 animais foram devolvidos à natureza pela Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), por meio da Unidade de Fauna Silvestre. A devolução dos 278 pássaros silvestres e três cascavéis foi realizada em Salgueiro, no Sertão de Pernambuco, onde predomina o bioma Caatinga, que é o habitat dos pássaros que foram soltos pela agência. Os animais chegaram à CPRH através de entrega voluntária ou por ações de fiscalização feitas e rodovias estaduais e federais.
Segundo Yuri Marinho, gestor do Cetas Tangara, alguns dos pássaros que foram soltos passaram por reabilitação no Cetas Tangara, unidade da CPRH localizada no Recife. “Quando o animal vive muito tempo cativo, precisa voltar a se acostumar com os desafios da liberdade, como procurar o próprio alimento e se defender dos predadores naturais. Fica mais tempo sob os nossos cuidados”, explicou. Dentre as espécies que foram libertadas estavam galos-de-campina, tizius, caboclinhos, canários-da-terra, patativas e asas brancas.
O trabalho de resgate de animais silvestres realizado pela CPRH conta com parcerias como as Brigadas Ambientais municipais, a Polícia Rodoviária Federal, a Companhia Independente de Policiamento de Meio Ambiente (Cipoma), além de empresas como a Trilogiabio que, semanalmente, leva animais silvestres ao Cetas Tangara.
A agência conta também com um bom número de parceiros. Um deles é o professor universitário Jaques Gomes da Silva Júnior, que é voluntário de causas ambientais na região do Sertão. Por conta dele, caixas plásticas e gaiolas que voltavam vazias para o Cetas, após a operação de libertação dos animais, foram ocupadas, no município de Arcoverde, por uma jiboia, uma salamanta e dois periquitos-da-caatinga.
“As cobras eram criadas como animal de estimação e a pessoa resolveu fazer a entrega. As pessoas daqui sabem do trabalho voluntário que eu realizo junto com o Corpo de Bombeiros e sempre que o assunto é animal silvestre em perigo ou oferecendo perigo, eu sou acionado. Inclusive para retirar casas de abelhas em locais inapropriados e resgatar jacaré. Não deixo de enfatizar a educação ambiental, que é base de tudo”, comentou Jaques.
Ainda no caminho de volta, o gestor do Cetas foi contactado pelo jovem André Diogo Marques, que informou ter salvado três filhotes de gavião. As aves caíram de uma árvore, no bairro de Jardim Atlântico, Olinda, no momento em que a mesma estava sendo podada. Presas fácil para os cachorros.
“A CPRH não faz resgate de animais. Mas nós estávamos próximos ao local do acontecimento e fomos até lá, para receber os filhotes e agradecer a Diogo. Atitudes como a dele é sinal de valorização da vida. Sabemos de voluntários que dedicam não só o seu tempo, mas também recursos financeiros para salvar animais silvestres. Na prática, eles dizem: a vida deles importa”, comemorou Marinho.