Adolescente morre após reeducandos atearem fogo em colchões em tentativa de fuga no Agreste de Pernambuco

Outros cinco internos tiveram que receber atendimento hospitalar; episódio aconteceu na Funase de Garanhuns, na tarde da última segunda-feira (21)
JC
Publicado em 22/09/2020 às 7:56
Funase Garanhuns Foto: Foto: Reprodução/TV Jornal


Matéria atualizada às 12h. 

Uma tentativa de fuga na unidade da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) de Garanhuns resultou na morte de um adolescente de 16 anos na tarde da última segunda-feira (21). A tragédia teria acontecido por volta das 13h após um grupo de socioeducandos ter ateado fogo em colchões de um dos pavilhões da unidade na tentativa de viabilizar uma fuga.

Por conta das chamas, um dos reeducandos acabou falecendo após inalar grande quantidade de fumaça. Esta é a primeira morte em contexto de tumulto dentro da Funase desde junho de 2017. 

Em nota, a direção da Funase lamentou o ocorrido e informou que outros cinco internos foram encaminhados ao Hospital Regional Dom Moura, localizado na mesma cidade. Destes, quatro apresentavam sintomas de intoxicação por inalação de fumaça, e um apresenta ferimentos ocasionados por queimaduras.

Dos cinco adolescentes que necessitaram de atendimento médico, três já tiveram alta hospitalar, um deve ser liberado nesta terça-feira (22), e outro, que não teve estado de saúde informado, seguirá internado.  

Ainda de acordo com a Funase, o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar estiveram presentes durante o tumulto e ajudaram a controlar a situação, que não registrou fugas. A Polícia Civil já deu início às investigações e a Corregedoria e as Coordenadorias de Segurança e de Inteligência da instituição estão acompanhando o caso.

A unidade de Garanhuns da Funase não está superlotada. Das 101 vagas, apenas 68 estou ocupadas entre adolescentes de 12 a 18 anos, e excepcionalmente, jovens até 21 anos. Além disso, trabalham na unidade 84 agentes socioeducativos divididos em plantões, número que atende as proporções estabelecidas pelo Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase).

Leia nota na íntegra: 

"A Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) informa que, por volta das 13h10 da segunda-feira (21), registrou a morte de um adolescente de 16 anos dentro do Case/Cenip Garanhuns. Conforme apurações preliminares, o caso ocorreu depois que um grupo de internos ateou fogo a colchões em um dos cinco pavilhões da unidade com o objetivo de provocar um tumulto e viabilizar uma fuga. Agentes socioeducativos conseguiram apagar as chamas com extintores de incêndio, mas a concentração de fumaça dentro dos alojamentos teria ocasionado o óbito e gerou a necessidade de atendimento médico aos outros socioeducandos.

Quatro adolescentes foram encaminhados ao Hospital Regional Dom Moura por terem inalado fumaça, e outro, com queimaduras. Desses, três já receberam alta médica, e um quarto deve ser liberado da unidade de saúde nesta terça-feira (22). O quinto segue internado. A Polícia Civil esteve no Case/Cenip Garanhuns fazendo as investigações iniciais. O Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar também deram apoio para controlar a situação na unidade. A Funase lamenta o ocorrido e está dando assistência à família da vítima. A Corregedoria e as Coordenadorias de Segurança e de Inteligência da instituição estão acompanhando o caso."

Nos últimos 5 anos

Não é a primeira vez que a unidade da Funase de Garanhuns registra tumultos. Desta vez, no entanto, o desfecho foi mais trágico. Em fevereiro deste ano, cinco adolescentes protagonizaram uma confusão em dois alojamentos da unidade e tiveram que ser contidos com a ajuda da Polícia Militar. Já em novembro de 2019, durante a madrugada, oito internos acabaram fugindo após renderem dois agentes socioeducativos com serrinhas artesanais. 

Outras confusões e rebeliões foram registradas nos últimos cinco anos em unidades da fundação no estado. Em abril deste ano, no Centro de Atendimento Socioeducativo (case) de Caruaru, no Agreste, dois internos fugiram através de buracos feitos no muro da unidade após uma confusão provocada por um incêndio. Apesar disso, ninguém ficou ferido na ocasião. Diferente do que aconteceu em março de 2017, quando um adolescente de 17 anos morreu durante uma rebelião no Case de Abreu e Lima, Região Metropolitana do Recife. O jovem foi assassinado por um grupo de internos. No mesmo ano, outros 12 reeducandos da mesma unidade fugiram após rebelião.

Na Funase de Pacas, distrito de Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata, 32 internos fugiram e um foi assassinado, ainda em 2017. Já em 2016, sete adolescentes acabaram mortos após uma rebelião na unidade da fundação em Caruaru. Uma das vítimas foi decapitada, enquanto as demais morreram carbonizadas por incêndio provocado pelos próprios internos. Na época, a unidade que tinha capacidade para atender 90 adolescentes, abrigava 160.

De acordo com a própria Fundação, entre as medidas de segurança adotadas para prevenir tais situações, está a realização de varreduras em alojamentos, a fiscalização do entorno dos muros da unidade (para evitar e conter o arremesso de objetos ilícitos de fora para dentro) e revistas no acesso de pessoas às instalações. 

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