Superlotação na maternidade do Hospital Agamenon Magalhães: 60 pessoas em espaço que comporta 17

O Sindicato dos Médicos de Pernambuco esteve no local nesta quarta-feira (23) e denunciou a superlotação
Carolina Fonsêca
Publicado em 23/09/2020 às 19:58
A maternidade tem capacidade para 17 gestantes, mas acolhia 60 nesta quarta-feira (23). Foto: SIMEPE/DIVULGAÇÃO


Grávidas com gestação de alto risco e mulheres que deram à luz há pouco tempo aglomeradas com seus acompanhantes. Macas com mulheres grávidas nos corredores. Setores improvisados. Esse foi o cenário encontrado por uma equipe do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) na maternidade do Hospital Agamenon Magalhães (HAM), durante uma fiscalização realizada nesta quarta-feira (23). O local tem capacidade para 17 gestantes mais seus acompanhantes, mas recebia 60 mulheres grávidas, cada uma com um acompanhante.  

Devido à superlotação, as pessoas não conseguiam manter a distância mínima recomendada nas medidas para prevenção da transmissão do novo coronavírus. "Um verdadeiro caos. Um corredor que dá acesso ao pré-parto com macas dispostas dos dois lados, ficando apenas uma passarela para pessoas transitaram. Todo o pré-parto lotado, mas lotado no sentido da palavra. Lamentável, a condição é indignante, estarrecedora", narrou Claudia Beatriz, presidente do Simepe. 

A visita dos representantes do Simepe à maternidade foi motivada por uma denúncia, feita por meio do Whatsapp, na noite da última terça-feira (22), com fotos. Na ocasião, o local já contava com 56 grávidas e seus acompanhantes. "Na realidade foi um pedido de socorro dos colegas que não sabiam mais o que fazer [...] Hoje, ao término do plantão, eram 60 gestantes", lembrou. A equipe do Sindicato esteve no local até o início da tarde.  

Segundo a presidente do Simepe, a superlotação, além de não permitir o distanciamento social recomendado, sobrecarrega os médicos e fez com um setor fosse improvisado. "A sala de curetagem, que fica nas proximidades, foi transformada em um anexo onde estavam as mulheres que tinham parido. Quinze mulheres dispostas entre o bloco cirúrgico e essa sala de curetagem. Nesse espaço que chama-se de anexo estavam as puérperas e ainda identificamos oito recém-nascidos", disse. 

O local é destinado ao atendimento de mulheres com gestação de alto risco. Diante da superlotação, os médicos precisam eleger as prioridades entre as prioridades. "A dimensão da equipe é para atender bem 17 pacientes e essas mulheres todas são de gestação de alto risco, então requerem uma atenção maior, precisam ser reavaliadas, ser olhadas do ponto de vista das medicações, se estão surtindo efeito. Também havia mulheres que aguardavam procedimentos cirúrgicos. Todas que estão ali são entendidas como prioridade e estava sendo preciso eleger as prioridades das prioridades, uma decisão para além da parte técnica porque todas são prioridades", contou Cláudia. 

Receber mais que o triplo da capacidade do local gera ainda sobrecarga para a equipe. "Médicos em uma sobrecarga enorme de trabalho. Somos uma entidade preocupada com a integridade do trabalhador, em defesa do trabalho e lá reconhecemos um ambiente extremamente insalubre. Quando a gente está pregando, como profissional de saúde, como escutamos de diversos gestores, a fala pública do distanciamento social, para não se aglomerar, temos uma prorrogação de 180 dias do estado de calamidade no Estado e o hospital com um verdadeiro aglomerado", pontuou. 

Governo do Estado promete medidas para desafogar maternidade do Agamenon Magalhães

A reportagem do Jornal do Commercio entrou em contato com a Secretaria Estadual de Saúde (SES) pedindo esclarecimentos referentes a situação da maternidade do Hospital Agamenon Magalhães. Por meio de nota, a SES afirmou que "reconhece a grande demanda registrada na maternidade do Hospital Agamenon Magalhães", mas que "a demanda é motivada, principalmente, pela retração no atendimento de outras unidades da rede em decorrência do novo coronavírus". 

Em relação as medidas para desafogar a unidade, a SES informou que vai adotar medidas como mutirão de avaliação para altas hospitalares das pacientes, transferências de usuárias para outros setores e proibição de acompanhantes nos casos em que não é necessária a presença, mediante diálogo com os familiares das pacientes.

A SES garantiu ainda que a equipe do Simepe foi informada de todas as medidas adotadas na unidade e se dispôs a analisar possíveis estratégias para serem apresentadas à Secretaria Estadual de Saúde. 

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