Polícia Civil fecha matadouro ilegal de animais em Abreu e Lima, no Grande Recife; abate ocorria na mata

Foram autuadas em flagrante 15 pessoas, pela prática de condutas descritas como crimes contra a saúde pública e contra o meio ambiente
Bruna Oliveira
Publicado em 28/09/2020 às 14:22
Os animais salvos foram colocados sob a proteção da CPRH Foto: DIVULGAÇÃO/POLÍCIA CIVIL


A Polícia Civil de Pernambuco, em parceria com a Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco (CPRH), deflagrou, na última sexta-feira (25), a Operação Desbate, que fechou um matadouro clandestino destinado ao abate de animais localizado no bairro do Fosfato, no município de Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife. Foram autuadas em flagrante 15 pessoas,  pela prática de condutas descritas como crimes contra a saúde pública e contra o meio ambiente.

"Nós encontramos um cenário de muita sujeira e ausência completa de higiene. Durante as investigações
foi possível ouvir os animais uivando e gritando no momento de serem sacrificados", declarou a delegada Thaís Galba, da Delegacia de Polícia de Proteção ao Consumidor (DECON).

As carnes dos animais abatidos no matadouro eram comercializadas no Mercado Público de Abreu e Lima. Segundo a delegada, os animais eram sacrificados no fundo da casa da pessoa responsável, que já morava na área rural.

"Os animais eram literalmente sacrificados dentro da mata, em uma parte que tinha árvores, chão, terra. O responsável colocou uma lona para esconder um pouco o que estava fazendo para não ficar tão a vista. Não havia nenhuma condição de higiene, o caldeirão utilizado para ferver a água para retirar a pele dos animais era literalmente imundo", disse a delegada.

Durante a operação, foram apreendidos dois caminhões cheios de madeira extraída ilegalmente com, aproximadamente, dez toneladas de carga, além de uma espingarda calibre 12. Os animais salvos foram colocados sob a proteção da CPRH.

A princípio, a justificada dada pelo dono do local foi de que os animais estavam sendo abatidos para a realização de um churrasco em família. No entanto, quando a polícia falou sobre as investigações, que estavam sendo realizadas há algumas semanas, o homem disse que o matadouro ilegal era sua forma de sobrevivência.

"Ele disse 'doutora, mas a gente faz isso pra sobreviver, a gente já faz isso há muitos anos. Eu vivo disso de comercializar, de comprar boi e porco para poder matar e de vez em quando vender', mas sabemos que não é de vez em quando", disse a delegada.

A operação, vinculada à Diretoria Integrada Especializada da Polícia Civil (DIRESP) e realizada pela DECON, mobilizou 15 policiais civis e cinco servidores da CPRH, além de ter o apoio da Coordenação de
Operações e Recursos Especiais (CORE).

Crimes

Os autuados, que tiveram prisão preventiva declarada, irão responder por crimes ambientais, maus-tratos de animais, que terminou com resultado morte de um animal, já que um animal foi abatido momentos antes dos policiais chegarem ao local. A Polícia Civil também identificou crime de extração irregular de madeira, corrupção de menor, já que o responsável estava ensinado as práticas ao neto menor de idade, associação criminosa e pelo estatuto do desarmamento. 

Como deve ser um matadouro legal?

De acordo com a coordenadora de Fiscalização Ambiental da CPRH, Silvana Valdivino, um matadouro legal precisa obedecer a legislação, em que deve ter licença ambiental, alvará de funcionamento da prefeitura e licença da vigilância sanitária. Além disso, é necessário que ele cumpra exigências que se preocupam com o bem-estar do animal, que vai desde a recepção até o abate.

"Deve ter condições mínimas de armazenamento a condicionamento da carne. Tratamento dos efluentes, tratamento dos resíduos, destinação correta dos resíduos para aterro sanitários e todas as outras questões que as prefeituras e vigilância sanitária solicita em suas devidas licenças", declarou.

Matadouros que não funcionam nestas condições oferecem risco para a saúde humana, visto que os animais podem estar acometidos com alguma doença, que pode ser, consequentemente, proliferada entre as pessoas.


 

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